SAÚDE
Academia Americana de Pediatria publica a 1ª diretriz para orientar médicos a usar opioides contra dor em crianças; entenda
1 de outubro, 2024 / Por: Agência O GloboInstruções explícitas sobre como e quando prescrever esses medicamentos para dor, reduzindo o risco de dependência a longo prazo também foram divulgados
A Academia Americana de Pediatria (AAP) publicou sua primeira diretriz clínica para pediatras sobre prescrição de opioides, incluindo instruções explícitas sobre como e quando prescrever esses medicamentos para dor, reduzindo o risco de dependência a longo prazo.
“Houve uma grande oscilação pendular na prática da medicina nas últimas duas décadas — primeiro com a prescrição excessiva de opioides, depois com uma grande redução na prescrição de opioides, provavelmente deixando a dor de algumas crianças subtratada. Queremos que os pediatras prescrevam opioides quando necessário, porque a dor não tratada pode levar a sofrimento e danos psicológicos. Ao mesmo tempo, os médicos precisam tomar medidas que reduzam o risco de dependência a longo prazo”, afirma Scott Hadland, autor principal da diretriz.
Além de opioides, a diretriz também recomenda uma prescrição de rotina de naloxona, um medicamento usado para reverter overdoses. As diretrizes de prática clínica criadas pela AAP são escritas por especialistas médicos e passam por várias rodadas de revisão por pares antes de serem aprovadas pelo Conselho Diretor.
Segundo dados apresentados pela associação, em 2018, 8,9% dos adolescentes de 15 a 19 anos tiveram pelo menos uma nova prescrição de medicamento opioide em relação ao ano anterior. E a maioria deles não desenvolve um vício ou tem overdose de remédios.
As taxas de prevalência de um ano para desenvolver um transtorno de uso de opioide ou experimentar uma overdose após uma prescrição variam de 0,3% a 5,8%.
Desde 2000, as taxas de transtorno de uso de opioides aumentaram drasticamente entre crianças e adolescentes. Enquanto isso, as taxas de prescrição de opioides diminuíram desde a década de 2010.
No entanto, esse declínio, segundo os pesquisadores, pode representar uma diminuição não apenas no uso inapropriado, mas também no uso potencialmente apropriado.
A diretriz da Academia recomenda ainda que os pediatras recomendam a prescrição de opioides em conjunto com outras abordagens não farmacológicas, como fisioterapia, para reduzir a dor e melhorar a função. Eles também devem ser prescritos junto com outros medicamentos não opioides, incluindo paracetamol e ibuprofeno.
Outras diretrizes apresentadas são:
Toda prescrição de opioides também deve incluir uma prescrição de naloxona, um medicamento de reversão de overdose. Isso é essencial para tratar overdose em qualquer pessoa na casa que tome muito medicamento opioide — não apenas a criança para quem o medicamento é prescrito, mas outros membros da família, incluindo crianças mais novas na casa.
Todas as crianças e adolescentes devem ter acesso equitativo a um tratamento eficaz para a dor. Indivíduos negros, hispânicos, índios americanos e nativos do Alasca têm menos probabilidade do que indivíduos brancos de receber tratamento oportuno e eficaz para a dor (incluindo opioides), mesmo depois de levar em conta o nível de dor em uma série de condições de dor – muitas das quais resultam em dor aguda grave.
Pacientes e cuidadores devem receber materiais educacionais sobre terapias de controle da dor, opioides e armazenamento e descarte seguros de medicamentos. Eles também devem receber instruções sobre como reconhecer os sinais de uma overdose de opioides e como intervir.
“Para um paciente com dor leve a moderada, os médicos devem sempre iniciar medicamentos e tratamento não opioides, como paracetamol e o ibuprofeno que podem ser igualmente eficazes com menos efeitos colaterais, como em procedimentos como amigdalectomia, remoção dos sisos e fraturas”, disse Rita Agarwal, uma das autoras da diretriz.
Os especialistas terminam a diretriz recomendando que as famílias conversem com seus pediatras sobre as opções de como melhor controlar a dor de uma criança.