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9 de agosto, 2022

Paulo Octávio: Entre o público e o privado O empresário Paulo Octávio foi instado, no debate da TV Band, a dizer como faria com suas […]

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Paulo Octávio: Entre o público e o privado

O empresário Paulo Octávio foi instado, no debate da TV Band, a dizer como faria com suas empresas se acaso fosse eleito governador. Não respondeu. Enrolou, tergiversou, desconversou e disse apenas que pediria licença das empresas porque dois de seus filhos já estão trabalhando nela e que ele poderia se afastar. Ou seja: preferiu não dizer que continuaria a fazer negócios com o GDF; a única diferença é que quem pagaria seria ele e que receberia o dinheiro público seriam seus filhos. Nenhuma diferença, portanto.

R$ 1 milhão por mês no bolso

No debate, Paulo Octávio admitiu que tem negócios com o governo, inclusive está construindo o viaduto do Sudoeste, uma obra de R$ 27 milhões. Mas não disse tudo. Por exemplo, não disse que aluga andares inteiros do edifício 700, na Asa Norte, para a Secretaria de Saúde, por R$ 32 milhões, num contrato que deu muita confusão e que rende R$ 1 milhão por mês ao empresário/candidato. Não disse também que tem pelo menos outros cinco imóveis alugados para o GDF.

O exemplo de Ibaneis

O governador Ibaneis Rocha chegou a dizer o que fez quando assumiu o governo: abandonou todas as causas trabalhistas, inclusive algumas com precatórios já a receber, que seu escritório tinha – defendendo sindicatos de trabalhadores – contra o GDF. Perdeu milhões de reais com a medida, mas considerou que era necessária para separar o que era público do que é privado. O governador se recusou até a receber salário, preferindo doar para entidades que prestam serviços sociais.

Dinheiro para rádio e TV

Paulo Octávio não parece disposto a seguir o exemplo. Dono de uma emissora de televisão e de quatro emissoras de rádio, além de uma empresa que vende espaço publicitário em seus muitos shopping centers, Paulo Octávio recebe dinheiro público do GDF para veicular anúncios, como demonstram os balanços publicados pela Secretaria de Comunicação. Não é pouco. A pergunta que o eleitor faz é: Paulo Octávio continuaria recebendo o dinheiro.

Fazendo o que fez antes

A resposta parece ser positiva. Quando foi vice-governador de Arruda, eleito em 2007, o empresário recebeu verbas públicas em suas emissoras e também alugou prédios inteiros para o GDF. Nunca se constrangeu em fazer negócios com o governo do qual fazia parte.

E tem o contrato bilionário

Mas tem mais: corre a boca pequena no mercado imobiliário que Paulo Octávio tem engatilhado um negócio bilionário com o GDF em fase final de gestação. Seria um bairro de casas populares a serem construídas em uma grande área do Recanto das Emas que renderiam aos já bem fornidos bolsos do empresário algo em torno de R$ 1,240 bilhão – isso mesmo: um bilhão e duzentos e quarenta milhões de reais!

Contrato está prontinho

O contrato para o fechamento do negócio, segundo a mesma fonte do mercado imobiliário da cidade, está na mesa do presidente da Codhab, prontinho. Ou seja: se eleito fosse para o governo, Paulo Octávio já entraria com uma grana preta garantida. Ou será que ele fará como Ibaneis Rocha fez e vai ceder o contrato para outra empresa tocar a obra? Difícil. Como ele não vê problema em negociar com os próprios filhos, é de se imaginar que poderia fechar outros negócios e ganhar outros bilhões de reais.

Culpa é da legislação permissiva

O culpado dessa situação esdrúxula não é o empresário Paulo Octávio, mas a legislação eleitoral, que toma o cuidado de obrigar o eleito a se licenciar de suas empresas, mas deixa aberta uma enorme brecha para que empresários eleitos continuem faturando dinheiro público em contratos com os governos que tocam. O subterfúgio é usar filhos, parentes ou laranjas para tocar a empresa. No final do mandato, o político volta para a empresa que seguramente estará mais rica, assim como o político, que não deixa de receber seus dividendos.

 

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