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Análise: Em época de campanha política candidatos têm “surto religioso”

25 de agosto, 2022

Candidatos ateus, agnósticos e afins vão a missas e cultos evangélicos no vale-tudo para chegar ao poder Se há um lugar onde todos os brasileiros […]

Análise: Em época de campanha política candidatos têm “surto religioso”
Foto: Joel Rodrigues/ Agência Brasília

Candidatos ateus, agnósticos e afins vão a missas e cultos evangélicos no vale-tudo para chegar ao poder

Se há um lugar onde todos os brasileiros são iguais é diante de uma urna

RODOLFO BUHRER/REUTERS – 22.10.2018

Se há décadas as campanhas eleitorais no Brasil mais parecem um número de circo (perdoem-me os artistas circenses), mantendo as mesmas estratégias ridículas de marketing, é porque, de alguma maneira, elas funcionam.

Já sabemos que a maioria dos candidatos mal pisa nas ruas, mas certamente os veremos caminhando desajeitadamente por bairros simples de uma periferia que nem sequer conhecem. Uma vez lá, cumprirão – o mais que batido – protocolo da hipocrisia: pegarão criancinhas no colo, tirarão “selfies” com pessoas que não lhes importam a mínima, almoçarão pastel de feira com caldo de cana e, claro, tomarão um “pingado” em alguma padaria popular.

Outra coisa que não muda é o “surto religioso” que candidatos ateus e agnósticos têm semanas antes da eleição. Eles passam a frequentar igrejas cristãs, sejam católicas ou evangélicas, e posam para as câmeras, sempre de cabeça baixa – como se reverenciassem a liturgia – chegando até a fechar os olhos passando a ideia de que estão rezando, sabe-se lá para quem. Afinal de contas, já ouvimos vários deles dizerem com todas as letras que, para chegarem ao poder, farão aliança até com o diabo.

Em seus discursos, discorrem sobre Deus, como se O conhecessem e chegam, inclusive, a afirmar o que é ou não pecado. A exemplo da campanha que a esquerda tenta infiltrar nas igrejas, alegando que “votar nulo não é pecado”. Sem falar nos que ainda acham que alguém ainda cai na conversa fiada de que religião e política não se misturam. “Deixem tudo conosco, cuidem apenas de suas almas”. A-ham…

Tem até blogueiro dando pitaco no corte de cabelo que as mulheres evangélicas devem ter, dizendo que cabelo curto é “pouco evangélico”. Isso só mostra uma total ignorância sobre a fé e expõem o desespero de quem não tem mais o que falar para tentar abafar a voz de milhões de brasileiros que não pretendem mais se calar.

Se há um lugar onde todos os brasileiros são iguais é diante de uma urna. O voto do bilionário não vale mais do que o voto do mendigo, assim como o voto do culto não vale mais do que o voto do analfabeto. Por isso, exerça a sua cidadania, faça a sua voz ser ouvida e não caia na lábia de candidatos que só lembram que o eleitor existe na hora de pedir votos.

Pesquise, conheça os candidatos e não se deixe levar por pesquisas, ainda mais da forma como têm sido conduzidas. O que vale é a sua opinião, a sua vontade e o seu ponto de vista. Faça valer o seu direito, pois ele é seu e de mais ninguém.

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  • Fonte: PATRICIA LAGES | Do R7