O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que escolheu fazer agenda nesta quinta-feira em Belford Roxo (RJ) como uma forma de demonstrar gratidão ao prefeito Waguinho (Republicanos). Nas eleições de 2022, o gestor foi o único da Baixada Fluminense a apoiar sua candidatura a presidência.
— Eu não vim aqui só para inaugurar o hospital, vim aqui como um gesto de gratidão ao companheiro Waguinho. Se o Brasil fizesse mais prefeitos como Waguinho, estaríamos muito bem — elogiou Lula para, em seguida, relembrar a campanha presidencial. — Em um momento muito difícil, da campanha de 2022, Waguinho tinha convite para apoiar outros candidatos, e ele e a primeira-dama dele tiveram a coragem de assumir a minha candidatura, mesmo sendo ameaçados. Obrigada Waguinho e minha Dani, pela decência.
Citada por Lula, a deputada federal Daniela Carneiro, a Daniela do Waguinho, foi ministra do Turismo entre janeiro e julho do ano passado, e deixou o governo após seu marido ter rompido com o União Brasil e se filiado ao Republicanos. Celso Sabino a substituiu.
Em sua fala, Waguinho agradeceu Lula por ter feito sua mulher a primeira ministra da Baixada Fluminense.
— O senhor fez de Daniela uma ministra e o tempo que ela ficou lá ela é muito grata. Ela se concretizou como a primeira ministra da Baixada fluminense — disse.
A desfiliação de Waguinho ocorreu após um rompimento local com o presidente da sigla, o deputado estadual Márcio Canella. Neste ano, seu sobrinho, Matheus, enfrenta Canella nas eleições municipais.
Em contrapartida, o principal aliado de Lula criticou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Ele elencou investimentos do governo federal à cidade e chamou o antecessor de negacionista.
— O investimento do Super Pac levará Belford Roxo aos 50 anos de idade como uma nova cidade. Por isso, meus irmãos e irmãs que estão aqui, quero agradecer a todos vocês porque ajudaram a combater o negacionismo e levaram de volta a cadeira da República ao Lula.
Sobrinho de Waguinho em campanha
Mesmo ausente, o candidato Matheus do Waguinho, sobrinho do atual prefeito, colocou bandeiras de sua campanha presentes na rua do evento. Em virtude do período eleitoral, Matheus não pode comparecer, já que a legislação proíbe a presença de qualquer candidato no lançamento de obras públicas nos três meses que antecedem o pleito.
Neste contexto, a visita de Lula é um reforço para a sua campanha, que rivaliza com a de Canella. Articuladores do político, contudo, temem um efeito negativo, uma vez que Belford Roxo é considerada um reduto do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que venceu no município com 54,7% dos votos no segundo turno de 2022.
Além de Lula e Waguinho, ex-ministra Daniela Carneiro também discursou no evento, assim como a ministra da Saúde Nisia Trindade. A agenda também foi a primeira da nova ministra dos Direitos Humanos, Macaé Evaristo.
O petista desembarcou no Rio de Janeiro nesta manhã e participou de dois eventos na cidade. Ele inaugurou um hospital infantil e uma rede de cuidados para gestantes e bebês. Neste ano, Lula já havia ido a Belford Roxo e, na ocasião, almoçou com Waguinho, inaugurou um hospital oncológico e participou do lançamento de uma escola municipal que levou o nome de seu neto, Arthur Silva, morto aos 7 anos.
Segurança: Lula defende uso de câmeras em uniformes
Ainda em seu discurso, Lula retomou o tema da segurança pública, e se comprometeu a travar um diálogo com os governadores sobre o tema.
— Quem manda na polícia são os governadores do estado, mas quero dizer que estou convocando os 27 governadores do estado para discutir uma política de segurança pública para proteger a população — afirmou para elencar medidas que considera essenciais. — Nós vamos cuidar das câmeras nos uniformes, vamos cuidar para que os policiais sejam tratados com respeito. Eu ainda tenho dois anos e três meses de mandato.
Segundo o Instituto de Segurança Pública, a taxa de homicídios em Belford Roxo é de 63,8 a cada cem mil habitantes, a quinta pior do estado.
O tema da segurança pública tem sido recorrente nas eleições municipais de todo o país, frequentemente usado por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Na capital, Alexandre Ramagem (PL) promete armar a guarda municipal.