POLÍTICA

Cálculo para o Senado em 2026 pode impactar decisão de Lula sobre candidatura para o STJ

18 de fevereiro, 2025 | Por: Agência O Globo

Prioridade que presidente dará para costuras de chapas no ano que vem tende a favorecer nome de procuradora alagoana

Fachada do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil/Arquivo

Os cálculos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para chapas ao Senado em 2026 podem pesar favoravelmente a uma candidatura para ministro do Superior Tribunal de Justiça ( STJ). Na vaga destinada aos membros do Ministério Público, o favoritismo para o posto transita entre a procuradora Maria Marluce Caldas, de Alagoas, e o procurador de Justiça Sammy Barbosa, do Acre.

A prioridade que Lula dará para costuras de chapas voltadas ao Senado em 2026 pode favorecer a candidatura de Marluce Caldas. A procuradora é tia do prefeito de Maceió, João Henrique Caldas, o JHC (PL), que pretende ser candidato ao governo de Alagoas e pode oferecer palanque para Lula.

Aliado de Arthur Lira (PP-AL), JHC, neste cenário, deve abrir palanque para que o deputado concorra ao Senado.

Embora os caciques Renan Calheiros (MDB) e Arthur Lira sejam adversários históricos em Alagoas, Lula sonha em tê-los junto em seu palanque em 2026, mas o nó a desatar no estado não é simples. Em outro arranjo possível, JHC veria a tia ir ao STJ, ficaria na prefeitura de Maceió e o grupo de Lula apoiaria o sucessor do governador Paulo Dantas, em uma chapa que incluísse o senador Renan Calheiros, que também tem planos de concorrer a uma vaga ao Senado.

A indicação de Marluce também depende da resolução desse impasse. Ela conseguiu angariar simpatia de petistas próximos a Lula, foi ao Supremo buscar apoio de ministros indicados pelo presidente — como Cristiano Zanin, a quem, discorreu detalhadamente sobre sua trajetória jurídica.

Nas costuras para a eleição de 2026, o presidente dará atenção especial à composição das chapas do Senado em Alagoas pois este foi o único estado do Nordeste que deu vitória para o ex-presidente Jair Bolsonaro em 2022. Petistas alagoanos afirmam que pesquisas internas já têm apontado preferência do eleitorado por candidatos de direita.

PT teme bolsonaristas em 2026

O PT teme uma avalanche bolsonarista no Senado em 2026. O Senado vai renovar dois terços dos seus integrantes no próximo pleito. O ex-presidente Jair Bolsonaro já direcionou a estratégia do PL para conquistar o maior número possível de cadeiras.

O Palácio do Planalto tem elaborado cenários de renovação do Senado com base na atual correlação de forças da Casa. Interlocutores do presidente afirmam que se a direita fizer metade das 54 vagas, já teria a maioria do Senado a partir de 2027.

Na composição atual, o Planalto considera ter 39 senadores na base, 29 consolidados na oposição e 13 em disputa, a depender da votação e da pauta. É no grupo mais próximo ao governo que ocorrerão mais trocas em 2026.

Vaga no STJ

Iniciada há um ano, a corrida pelas duas vagas para ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) chega na reta final com a expectativa de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva faça as indicações no início de março e em meio à pressão de setores do Judiciário para que o petista escolha ao menos uma mulher.

As listas tríplices com os nomes dos indicados estão no gabinete de Lula desde outubro passado, quando o STJ escolheu os nomes de três desembargadores da Justiça Federal e três membros do Ministério Público para a análise do presidente. O presidente, contudo, optou por deixar o assunto para 2025 e estudar detidamente suas opções.

Nenhum dos integrantes das duas listas é próximo ao presidente ou mesmo conhecido de Lula. Por isso, ele tem feito uma avaliação com base em referências que tem recebido.

Ministros do STJ afirmam reservadamente que na vaga reservada à Justiça Federal se consolidou nos últimos dois meses o nome do desembargador Carlos Brandão, que atua no Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1). Brandão é apoiado por nomes como Nunes Marques, do STF, e integrantes do núcleo duro do governo Lula, como o ministro Wellington Dias, e o governador do Piauí, Rafael Fonteles. Ele disputa a indicação com as desembargadoras Daniele Maranhão, também do TRF-1, e Marisa Santos, do Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3).


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