BRASÍLIA
Controle de roedores previne a incidência de leptospirose
22 de setembro, 2020Transmitida pela urina do rato, enfermidade pode levar à morte. Período das chuvas requer cuidados redobrados Com a chegada das primeiras chuvas após o período […]
Transmitida pela urina do rato, enfermidade pode levar à morte. Período das chuvas requer cuidados redobrados
Com a chegada das primeiras chuvas após o período de seca, a saúde pública entra em alerta. Como as águas adentram as tocas dos roedores, a urina desses animais é levada para a superfície, carregando a bactéria leptospira, a causadora da leptospirose. Nas áreas urbanas, os ratos e ratazanas são os grandes transmissores dessa doença. Eles habitam os esgotos e aproveitam a fartura de alimentos para garantir a sobrevivência, porém acabam ocasionando grave risco à saúde humana.
A leptospirose traz muitos prejuízos, podendo até levar à morte. No Distrito Federal foram registrados 17 casos confirmados em 2019. Para evitar a proliferação desses animais, e por consequência a disseminação da leptospirose, a Diretoria de Vigilância Ambiental (Dival) faz o controle nos locais com maior disponibilidade de alimentos para os roedores.
O controle natural se dá pelas condições de higiene e o acondicionamento correto do lixo. A utilização de veneno, somente, não consegue controlar o número desses animais. Nesse caso, é necessário o manejo ambiental.
A doença e sintomas
O contágio ocorre através da pele ou pelas mucosas, quanto maior for o contato com a água contaminada. Os sintomas podem levar de um a 30 dias para aparecer, mas normalmente ocorrem entre sete e 14 dias. A leptospirose tanto pode ser assintomática quanto, nos casos mais graves, levar à morte. De acordo com os dados do Ministério da Saúde, cerca de 40% das ocorrências são graves.
Investigação epidemiológica
Quando uma pessoa contrai a leptospirose, é feita uma investigação epidemiológica para identificar o local onde ocorreu a infecção. Lá, é preciso empreender utilizar produtos químicos para fazer bloqueio, além de intensificar ações educativas realizadas pelas equipes da Zoonose e de vigilância ambiental de cada região de saúde.
“O trabalho que a gente faz é uma investigação para tentar determinar se essa pessoa adquiriu a doença na própria casa, no trabalho ou numa atividade de lazer”, explica o médico veterinário Frederico Tôrres Braz. “Assim tem início a investigação para determinar o Local Provável de Infecção, ou LPI.”
As áreas de maior incidência mapeadas no DF são a Rodoviária do Plano Piloto, as feiras, o Setor Comercial Sul (SCS) e a Região Administrativa (RA) de Águas Claras, locais que geralmente têm maior fluxo de pessoas e restos de alimentos.
“Águas Claras é uma cidade que vem tendo muito problema por conta dos condomínios verticais, muita gente morando em locais próximos”, aponta o veterinário. “Os poucos contêineres para armazenar esse lixo, muitas vezes abarrotados, não ficam bem lacrados, então fica essa disponibilidade de alimento e aumenta o número desses roedores”.
Braz esclarece que a reprodução desses animais ocorre de forma muito rápida, porém os roedores possuem um mecanismo de controle que fica subordinada à disponibilidade de comida, para que os membros da colônia não passem fome.
O período mais crítico de transmissão da leptospirose é o das estações chuvosas, quando a água e a lama dos esgotos sobem à superfície durante as enchentes, carregando a bactéria.
Atendimento na rede pública
Quando um paciente apresentar os primeiros sintomas, deve buscar atendimento imediato. O acolhimento pode ser feito nas unidades básicas de saúde (UBSs), hospitais, unidades de pronto atendimento (UPAs) ou, no caso de acompanhamento e tratamento, nas policlínicas e ambulatórios.
A gerente de apoio à Saúde da Família da Secretaria de Saúde (SES), Tamara Correia Alves Campos, explica que quando chega um paciente com suspeita de leptospirose ou outras doenças transmitidas por animais, a assistência comunica a Vigilância Epidemiológica de qualquer hospital ou da região.
“A partir daí, a Vigilância passa a apoiar a Assistência (UBS, hospitais, UPAs) na investigação/fechamento dos casos”, detalha. “Muitas vezes, e dependendo do agravo, a Vigilância Epidemiológica aciona a Vigilância Ambiental para colaborar.”
A população deve ficar alerta, mas a recomendação é evitar utilizar produtos químicos sem a devida orientação técnica de profissional habilitado – pois, muitas vezes, o que parece uma atitude preventiva resulta em envenenamento de crianças e de animais domésticos e não elimina os roedores. Mais orientações podem ser obtidas na Gerência de Zoonoses, por meio de telefone (61) 2017-1342 ou do e-mail [email protected].
* Com informações da SES