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Corpos de Bruno e Dom chegam a Brasília para perícia nesta quinta

16 de junho, 2022

Restos mortais dos dois foram encontrados em local de difícil acesso após suspeitos confessarem o crime BRUNO KELLY/REUTERS – 15/06/2022 Os restos mortais encontrados nas […]

Corpos de Bruno e Dom chegam a Brasília para perícia nesta quinta
(Foto: Reprodução / Redes Sociais)

Restos mortais dos dois foram encontrados em local de difícil acesso após suspeitos confessarem o crime

Os remanescentes humanos foram encontrados por agentes da PF (Polícia Federal) depois que um dos suspeitos, Amarildo dos Santos, confessou o crime e indicou o local onde os corpos estavam enterrados.

Segundo o chefe da PF, Eduardo Fontes, o suspeito informou que o barco em que viajavam o jornalista e o indigenista tinha sido afundado e que o local onde os corpos foram enterrados era de difícil acesso, a mais de 3 km da margem do rio Itaquaí. “Demoramos a conseguir chegar ao local. Não há contato telefônico na área. Lá foram encontrados remanescentes humanos, e as escavações ainda estão sendo realizadas”, disse.

Outro pescador, Osoney da Costa, que é irmão de Amarildo, também está preso, embora não tenha confessado participação no crime. Os dois foram vistos por testemunhas perseguindo a lancha dos profissionais. Uma terceira pessoa, citada por Amarildo, também está sendo investigada.

“Agora vamos descobrir as causas das mortes e dos crimes. Ainda estamos na parte investigativa e realizando diligências, e novas prisões devem ocorrer. Todas as forças de segurança estão unidas e trabalhando de forma ininterrupta. O objetivo é reunir todas as provas de forma segura”, acrescentou o superintendente da PF.

O caso

Dom e Bruno desapareceram em 5 de junho, após terem sido vistos pela última vez na comunidade São Rafael, nas proximidades da entrada da Terra Indígena Vale do Javari. Eles viajavam pela região entrevistando indígenas e ribeirinhos para produção de reportagens e de um livro sobre invasões de áreas indígenas.

O jornalista inglês Dom Phillips e o indigenista Bruno Pereira

REDES SOCIAIS/REPRODUÇÃO

O Vale do Javari, a terra indígena com o maior registro de povos isolados do mundo, é pressionado há anos pela atuação intensa de narcotraficantes, pescadores, garimpeiros e madeireiros ilegais que tentam expulsar povos tradicionais da região.

Phillips morava em Salvador, na Bahia, e fazia reportagens sobre o Brasil havia 15 anos para o New York Times e o Washington Post, bem como para o jornal The Guardian. Bruno era servidor da Funai (Fundação Nacional do Índio), mas estava licenciado desde que foi exonerado da chefia da Coordenação de Índios Isolados e de Recente Contato, em 2019.

Ele foi dispensado do cargo logo depois de uma operação que expulsou garimpeiros da Terra Indígena Yanomami, em Roraima. Na ocasião, um helicóptero que servia ao garimpo foi apreendido.

Dias antes do desaparecimento, um bilhete apócrifo com ameaças dirigidas ao servidor e a líderes indígenas foi deixado no escritório de advocacia que representa a organização para a qual ele vinha trabalhando voluntariamente, em Tabatinga (AM).

“Sei quem são vocês e vamos achar para acertar as contas”, diz um trecho do bilhete endereçado ao advogado Eliesio Marubo, que é assessor jurídico da Univaja (União dos Povos Indígenas do Vale do Javari). “Sei que quem é contra nós é o Beto Índio, e o Bruno da Funai é quem manda os índios irem prender nossos motores e tomar os nossos peixes. (…) Se querem dar prejuízo, melhor se aprontarem. Está avisado.”

‘Imensa tristeza’

encarregada de negócios da Embaixada do Reino Unido no Brasil, Melanie Hopkins, lamentou as mortes, agradeceu ao governo brasileiro pelos esforços na operação de busca e declarou que o governo britânico continua “atento aos desdobramentos das investigações”.

“É com imensa tristeza que recebo as últimas informações sobre a operação de busca por Dom Phillips e Bruno Pereira. Meus pensamentos estão com os seus familiares e amigos neste momento difícil. Continuamos oferecendo todo o apoio à família de Phillips. Seguimos em contato direto com as autoridades brasileiras e atentos aos desdobramentos das investigações. Agradeço às autoridades pelos esforços contínuos nesta operação”, escreveu.

 

  • Fonte: BRASÍLIA | Hellen Leite, do R7, em Brasília