
Investigado por crimes com menores, Hytalo Santos deu iPhone como convite de casamento e só uma famosa compareceu: ‘Gastei R$ 700 mil’
Influenciador foi preso preventivamente na última sexta-feira, dia 15
Baiano vai participar do evento Fancy Africa, em Moçambique; desfile recebe marcas brasileiras pela primeira vez: ‘Se não contarmos nossas histórias com nossas próprias palavras, outros irão se apropriar delas’
Antes de ganhar a chance de mostrar ao mundo sua moda, o estilista Dih Morais cresceu tendo que pedir aos outros alimentos para comer e revirando no lixo cadernos velhos para estudar. O estilista baiano foi convidado a participar do evento Fancy Africa, em Moçambique, que vai acontecer em setembro. Para o EXTRA, ele conta um pouco da sua história e os caminhos que percorreu até chegar a um evento internacional. Morais teve seu trabalho aplaudido no Brasil Eco Fashion Week e chegou à televisão pelas mãos de pessoas, como a ex-BBB e apresentadora Thelma Assis. Ele também vestiu Isabelle Nogueira, Linn da Quebrada, entre outras.
Você compartilhou que frequentava aterros sanitários e pontos de apoio para estudar. Quando olha para trás e pensa no convite para Moçambique, o que sente como profissional, homem preto, nordestino e quilombola?
Vejo uma perspectiva de um futuro próspero, um futuro melhor, além de retorno e conexão. Rememoro um episódio de Elza Soares com Ary Barroso na qual ele perguntou à cantora de onde tinha vindo. Prontamente, ela respondeu que veio do Planeta Fome. E isso é muito forte e pessoal para mim, pois venho desse mesmo planeta. Minha família sempre foi muito pobre. Minha avó saía pelas ruas aos sábados pedindo esmola para alimentar a mim e meus irmãos no restante da semana. Batia à porta das casas da vizinhança rica para pedir mantimentos. Até as roupas que nós vestíamos eram roupas dadas. Então, essa passagem com Elza e Ary diz muito para mim, fala do lugar de onde eu vim. Também me lembro que a minha avó saía para pescar nas épocas de cheia, no rio atrás de casa, e o que ela pescava com um balaio matava a nossa fome por alguns dias. Eu fui dessas crianças que frequentavam o aterro sanitário para catar o que dava. Encontrava cadernos usados no lixo, tirava as resmas e reaproveitava as folhas em branco para construir um caderno novo, que usava para estudar.
Como era sua casa?
Morei em tantas casas que nem lembro mais, perdi a conta. Já morei em casa de professoras de catequese, em casa de professoras da rede escolar. As mesmas que me ensinavam, me davam guarida. Tudo isso para ir driblando as dificuldades, a miséria, a fome, a escassez, mas também para não ser violentado. Quando era criança estava brincando de boneca e, por conta disso, um tio meu me bateu com tanta força que eu fiquei com o olho roxo, o corpo cheio de hematomas e de marcas de fio de eletricidade. Esse foi um dos motivos que me levaram a sair de casa. Eu já estava entendendo meu lugar nesse sistema, nessa sociedade, já me percebendo como uma criança LGBT. Daí, fui buscar lugares que me aceitassem. E fui encontrando pessoas que me abraçavam. Mas, muitas vezes sob o disfarce de ser “como um filho”, de “ser da família”, eu era colocado no lugar daquele que limpava a casa, que tinha que fazer a comida, de ser aquele que buscava os menores na escola.
No ano passado, você recebeu no Rio de Janeiro o Prêmio Ubuntu, que premia pessoas pretas, na categoria Inspiração. O que sente?
Quando vejo que isso tudo sou eu, com tantas vivências… E o prêmio me foi dado num estado que não é o meu de origem. Mas na minha minha arte eu trago o meu Quilombo, onde nasci e me criei. E falo das religiões de matriz africana. Isso é muito potente e impactante, pois sou notado pela minha verdade, vivência, história e trajetória.
Que conselho daria a talentos que sonham chegar onde
Nunca deixem de ser vocês mesmos, nunca deixem de contar suas próprias histórias, com suas próprias vozes. Porque, se não contarmos nossas histórias com nossas próprias palavras e em nossos próprios termos, outros irão se apropriar delas.
Você vê sua trajetória como um ato de resistência? Como sentiu que a moda seria o caminho para escrever sua própria realidade?
Eu comecei na moda, fazendo drag queen, na intenção de continuar existindo. Nesse tempo, eu já fazia meus próprios figurinos. Depois fiz minhas primeiras ecobags para me manter.
Você foi convidado a participar de um desfile em Moçambique com a sua coleção que fala do quilombo no qual cresceu. O que significa para você ir até lá mostrar suas peças?
Levar para Moçambique uma coleção que fala sobre o quilombo de onde eu venho é retornar ao colo e ao abraço de mãe. É contar nossas histórias a partir de nosso próprio ponto de vista. Esse é o primeiro ano em nove edições que o evento terá marcas brasileiras. É muito significativo!
Para ir até lá, você está organizando uma vakinha on-line. Como foi esse processo? O que mais toca você nesse apoio coletivo que está recebendo?
O processo de “pedir” é muito doloroso e toca em feridas da minha infância, pois minha avó era pedinte. Me ver nesse lugar está despertando muitos gatilhos. Sinto vulnerabilidade, desprezo e julgamento. Porém, essa campanha tem me mostrado que o Ubuntu existe e vem de quem menos esperamos.
O tema do evento lá em Moçambique é Ubuntu, que em termos filosóficos significa comunidade e solidariedade. Como a sua história e a sua arte se conecta com isso?
Eu choro, rio e choro de novo. Minha vida sempre teve Ubuntu. Quando tinha 12 anos, saí de casa por questões de violência doméstica por parte de um ser homofóbico, mas também pelas necessidades que minha família passava. Morei em casa de muitas famílias, recebendo amor, acolhimento, educação. O Ubuntu sou eu.
Você cria a partir de símbolos ancestrais quilombolas e de matriz africana referências que aparecem em figurinos usados por alguns famosos, como a ex-BBB Thelma Assis. Como vê esse diálogo entre ancestralidade e cultura pop?
Vejo como uma verdadeira conexão ancestral, é sobre se reconhecer no outro. Transformar dor em beleza é uma forma de vestir-se de história.
Suas peças buscam empoderar jovens negros e quilombolas. O que isso representa para quem acompanha sua trajetória?
É uma maneira de olhar para aqueles que muitas vezes são invisibilizados e conseguir ver futuros prósperos e promissores. Assim, a gente vê comunidades/favelas/quilombos com o olhar de oportunidade. E entende que as oportunidades não são iguais para todos.
Quais desafios você encara como profissional da indústria da moda?
A representatividade é uma conta que nunca fecha. Nem mesmo para mim como marca, por mais que eu me esforce. Pois não é só pensar em passarela, na minha cabeça. Nas passarelas pelo mundo, você vê desfilando mais e mais mulheres pretas e homens pretos, mas e na plateia, na primeira fila, entre os influenciadores, os consumidores e os compradores das grandes lojas? Ou quando vai para o backstage, quanto da equipe é de gente preta? Ou nos ateliês das marcas, nas equipes e chefes de ateliês? Passarela é importante, mas a representatividade não pode estar só nela.
BS20250816080213.1 – https://extra.globo.com/entretenimento/noticia/2025/08/do-quilombo-as-passarelas-do-mundo-conheca-a-trajetoria-do-estilista-dih-morais-que-conquistou-ex-bbbs-com-sua-moda.ghtml
Influenciador foi preso preventivamente na última sexta-feira, dia 15
Personalidades do Brasil e do mundo investiram no ramo da gastronomia; saiba quais
Por condenar a prática, Ministério Público do Trabalho pediu suspensão da promotora de sorteios
Data estelar: Lua Vazia das 8h52 até 16h06