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Doação de córneas em alta possibilita mais de 100 transplantes em 2022

19 de junho, 2022

Trabalho executado pelo Banco de Olhos do DF envolve fases que precisam ser cumpridas com urgência e requer, além dos procedimentos cirúrgicos, acordo com familiares […]

Doação de córneas em alta possibilita mais de 100 transplantes em 2022
Fotos: Lúcio Bernardo Jr / Agência Brasília

Trabalho executado pelo Banco de Olhos do DF envolve fases que precisam ser cumpridas com urgência e requer, além dos procedimentos cirúrgicos, acordo com familiares dos doadores

Um trabalho intenso, permanente e que literalmente leva muitos a enxergar a vida com outros olhos. O dia a dia da equipe do Banco de Olhos do DF, situado no Hospital de Base, é corrido com o objetivo de garantir o sucesso na captação e o transplante de córneas na capital. De janeiro a abril, já foram mais de 200 captadas em todo Distrito Federal (veja abaixo) e 118 cirurgias de transplante executadas.

Arte: Agência Brasília

A córnea compõe a parte anterior do globo ocular, só pode ser doada após o falecimento e deve ser captada de seis a 12 horas após a parada cardíaca. Trata-se de um tecido transparente e que desempenha papel fundamental na formação da visão.

A captação de córneas, o tecido que compõe a parte anterior do globo ocular, apesar de uma operação considerada simples, só pode ser feita de seis a 12 horas após a parada cardíaca | Fotos: Lúcio Bernardo Jr / Agência Brasília

Vítimas de doenças como a ceratocone (a mais comum), o leucoma e também a queimadura ocular têm indicação médica para receber uma nova córnea e, assim, retomar a vida com normalidade. Mas não é algo simples assim. Passa pela autorização familiar, a retirada do globo ocular e uma análise criteriosa para que ele possa seguir para o transplante.

Uma ação diária que é feita pelos enucleadores, conforme explica a médica responsável técnica pelo banco de olhos, Micheline Lucas Cresta. “São técnicos que vão ao local onde o corpo está, podendo ser o IML, um necrotério, centros cirúrgicos de hospital, entre outros, e realiza a captação que leva no máximo uma hora. O banco funciona 24 horas”, diz.

O tecido é armazenado em três câmaras frias com temperatura de 2ºC e a 8ºC e a sorologia do doador é verificada, com o auxílio do Hemocentro de Brasília. É preciso averiguar a possibilidade de contaminação por doenças infecciosas causadas pelo HIV ou hepatites B e C, por exemplo.

A médica responsável técnica pelo banco de olhos, Micheline Cresta, diz que “o desconhecimento e o medo ainda impedem famílias de serem solidárias com quem precisa”

Resistência e desinformação

A córnea pode ficar armazenada até 14 dias, ganha uma numeração e seu receptor é apontado pela Central Estadual de Transplantes (CET) que sistematiza uma fila de espera para cada unidade da federação. De acordo com Micheline, o desconhecimento e o medo ainda impedem famílias de serem solidárias com quem precisa. “Nosso objetivo é evitar que a família tenha qualquer trauma ou culpa em relação a isso. São colocadas próteses no lugar do olho retirado e o velório pode ser realizado sem problemas”, explica a médica oftalmologista. “Não fica qualquer indício que o globo ocular foi manipulado”, complementa Micheline.

A diretora da Central de Transplantes do DF, Daniela Salomão, reforça que “vale lembrar que não é um órgão que nasce no banco de tecidos, por isso é necessária a doação”

Diferentemente de órgãos como o coração – que precisa ser transplantado em no máximo quatro horas – e o fígado – em até 24 horas –, por exemplo, a córnea tem esta “sobrevida” de vários dias. Já a fila de espera por uma córnea, segundo a médica, é atualmente de oito meses. A média de transplantes feitos no DF em 2022 é de cerca de 30 por mês, três vezes mais que o de fígado, por exemplo, segundo números da CET. Pessoas com idade entre 3 e 75 anos estão aptas a doar.

Doação é imprescindível

“Há um volume crescente de transplantes de córnea que são promovidos pela capacidade do banco de gerar esse tecido nobre para a realização da cirurgia. Mas vale lembrar que não é um órgão que nasce no banco de tecidos, por isso é necessária a doação”, frisa a diretora da Central de Transplantes do DF, Daniela Salomão. Tanto unidades públicas como os hospitais de Base e o Universitário de Brasília (HUB) como clínicas da rede privada realizam a cirurgia.

Segundo Daniela, é uma rede bem estruturada, onde há uma busca ativa de doadores elegíveis mas que também está aberta a famílias que quiserem informar a doação de um ente querido. “A gente não deve perder a oportunidade de ajudar o próximo. A chance de precisarmos de um transplante de córnea ou de um outro órgão existe e daí seremos nós os beneficiados”, finaliza.

Contato:
Banco de Órgãos e Tecidos (BOT) do DF
– Telefones: 99556-9117 (WhatsApp) e 3550 8869
– e-mail: [email protected]