Engenheiro de som do rapper Eminem roubou e vendeu suas músicas por Bitcoin
21 de março, 2025
| Por: Agência O Globo
Cerca de 25 músicas inéditas do rapper foram descobertas online, e os investigadores rastrearam as vendas das músicas até um ex-funcionário
Rapper americano Eminem. Foto: Reprodução / Instagram
Um homem que já trabalhou como engenheiro de som para o rapper Eminem foi acusado nesta quarta-feira de vazar e vender suas músicas inéditas na internet por cerca de US$ 50.000 (cerca de R$ 283 mil) em Bitcoin, segundo promotores federais.
O homem, Joseph Strange, de 46 anos, residente em Holly, Michigan, trabalhou por quatro anos no estúdio de Eminem em Ferndale, Michigan, perto de Detroit, mas perdeu o emprego em 2021, de acordo com registros judiciais. Como parte de seu pacote de rescisão, ele estava especificamente proibido de divulgar eletronicamente o trabalho de Eminem, conforme um depoimento do FBI.
Segundo os promotores, Strange vendeu cerca de 25 músicas que Eminem escreveu entre 1999 e 2018, mas que ainda estavam em desenvolvimento. Elas foram reproduzidas, compartilhadas ou vendidas online sem o consentimento de Eminem ou do Interscope Capital Labels Group, que detém os direitos sobre a música do rapper, segundo os documentos judiciais.
Strange foi acusado de violação de direitos autorais e transporte interestadual de bens roubados, informou o Escritório do Procurador dos EUA para o Distrito Leste de Michigan.
As autoridades foram alertadas sobre os vazamentos e vendas ilegais em janeiro, depois que funcionários atuais do estúdio de Eminem descobriram que suas músicas estavam sendo tocadas online, em sites como Reddit e YouTube, conforme mostram os registros judiciais. Eles reconheceram as faixas como versões inéditas e denunciaram o caso ao FBI.
“Eles conseguiram identificar a música como sendo armazenada em discos rígidos no estúdio em Ferndale”, diz o depoimento do FBI. “Esses discos rígidos não estão conectados à internet por razões de segurança.”
Os discos rígidos são protegidos por senhas e armazenados em um cofre quando não estão em uso, segundo o documento. Ele também destacou que apenas quatro funcionários tiveram acesso aos discos rígidos entre 2007 e 2021, e que apenas um deles, Joseph Strange, não trabalha mais no estúdio.
Quando Eminem, cujo nome verdadeiro é Marshall Mathers III, soube do vazamento de suas músicas, um de seus funcionários publicou um alerta nas redes sociais pedindo aos fãs que não compartilhassem o material. Um informante anônimo respondeu e informou ao FBI que havia participado de conversas online com um fã de Eminem que usava o nome de usuário Doja Rat.
Doja Rat, um homem de 31 anos de Ontário, no Canadá, disse aos investigadores do FBI que comprou 25 músicas inéditas de Strange por cerca de US$ 50.000 em Bitcoin, começando no verão de 2024.
Ele afirmou ter arrecadado o dinheiro com um grupo de fãs de Eminem. Também contou que Strange alegou possuir mais de 300 músicas gravadas e folhas de letras escritas à mão pelo rapper.
O FBI, que obteve um mandado de busca para a casa de Strange, encontrou muitas das folhas originais de letras escritas por Eminem em um cofre durante uma operação realizada no final de janeiro, segundo um agente especial do FBI. Também foi encontrado um videocassete contendo um clipe musical inédito. Uma imagem dessa fita havia sido enviada a Doja Rat e a um comprador de Connecticut, segundo a investigação.
O advogado de Strange, Wade Fink, declarou na tarde de quinta-feira que “o Sr. Strange é um homem de família e um profissional dedicado que buscará justiça e equidade no tribunal”.
Em comunicado ao Detroit Free Press, o representante de Eminem afirmou: “Os danos significativos causados por um funcionário de confiança à integridade artística e criativa de Eminem não podem ser subestimados, sem mencionar as enormes perdas financeiras sofridas pelos muitos criadores e colaboradores que merecem proteção por décadas de trabalho.”
Se condenado pela acusação de transporte interestadual de bens roubados, Strange poderá enfrentar até 10 anos de prisão. Pela acusação de violação criminal de direitos autorais, poderá cumprir até cinco anos de prisão e pagar uma multa de até US$ 250.000.