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CULTURA

Espetáculo “Curumim” tem sessões para estudantes do DF

20 de agosto, 2024

A peça, inspirada no conhecimento e tradições dos povos originários, conta a história de 2 bichos que vivem uma jornada mágica

Espetáculo “Curumim” tem sessões para estudantes do DF
De forma poética, musical e lúdica, os atores convidam as crianças a embarcarem num mundo mágico e delicado - foto diego bresani

Em agosto estreou “Curumim”, o novo espetáculo da Agrupação Teatral Amacaca (ATA), pensado, sentido e dedicado à primeira infância. A história é baseada na obra “Uga”, de Kaká Werá Jecupé, em que a tartaruga Uga e seu amigo inseparável, o Jabuti Jabu, andam juntos pela floresta, sonhando em comer deliciosas jabuticabas descobertas por Leta, a borboleta. Mas a tal jabuticabeira não chega nunca, e então os dois se veem ameaçados por perigos e desafios.

A história mostra, por meio da jornada de dois amigos, o poder da solidariedade, o valor da empatia e a magia da arte das narrativas inspiradas nos saberes dos povos indígenas. “Curumim” teve sua estreia no início do mês e agora segue com mais duas sessões, voltadas para crianças de escolas da Rede Pública do DF. As apresentações acontecem no dia 21 de agosto, quarta, às 9h e às 10h10.

De forma poética, musical e lúdica, os atores convidam as crianças a embarcarem num mundo mágico e delicado, em que o tempo lento e vagaroso dos personagens da tartaruga e jabuti se contrapõe aos excessos de estímulos sonoros e visuais da vida urbana, para transportá-los a um tempo ancestral em que os bichos falam e gente é bicho.

Inspirações e Cosmovisões

Em uma estrutura onírica, a jornada em busca da jabuticabeira de UGA e JABU é atravessada pela cosmogonia de diversos povos indígenas. Entre eles o Mito da Cobra Canoa, do povo Waikhana do Alto Rio Negro; ou a história Kayapó do Tatu Que Furou o Céu e Desceu à Terra; e outras referências simbólicas dos mitos dos povos Kamayurá, Wapichana e Tupi Guarani, que alimentam as narrativas da Vó Coruja, guardiã dos segredos e das histórias ancestrais. A Aŕvore da vida é cenário e figura central, onde os bicho-gente atuam e brincam em seu ambiente natural.

Consultoria de Kaká Werá

Para esta criação a Agrupação Teatral Amacaca contou com a consultoria do próprio Kaká Werá, escritor indígena de origem Tapuia, que subsidiou e orientou a abordagem dos conteúdos para a construção de dramaturgia e linguagem cênica, afinadas com a concepção de que a cultura dos nosso povos originários podem se perpetuar em diálogo com o mundo contemporâneo.

A ATA

A companhia iniciou sua pesquisa em 2009, por meio da disciplina “Técnicas Experimentais em Artes Cênicas”, ofertada à comunidade pela Universidade de Brasília e ministrada pelo professor, diretor e encenador Hugo Rodas. Seu principal foco é descobrir e experimentar formas de dramaturgia por meio da exploração vocal, muscular e gestual, além do estudo de instrumentos musicais e ritmos em cena. Em 2011, o coletivo de artistas se tornou um grupo de pesquisa fechado, sob a condução de Hugo Rodas.

Desde seu trabalho de estreia, o espetáculo “Ensaio Geral” (2012), a ATA acumula diversos prêmios e indicações teatrais, com temporadas aclamadas nos principais palcos do Distrito Federal e com passagens pelos maiores festivais da capital.

A companhia investe na criação de novos espetáculos e soma em seu repertório “Punaré & Baraúna” (2015), a remontagem da versão setentista de Hugo Rodas de “Os Saltimbancos” (2019), “O Rinoceronte” (2019), o espetáculo virtual “Poema-Confinado” (2020), criado em meio à pandemia. Em 2023, após o falecimento de Hugo Rodas, o grupo estreou “Futuro do Passado – 100 anos da Semana de 22” um trabalho itinerante e impactante que ocupou o Museu Nacional da República, espetáculo de criação coletiva com direção de cena de Abaetê Queiroz e “Se Eu Fosse Eu – Clarices” numa proposta de elencos menores Rosanna Viegas, Juliana Drummond e Camila Guerra dividem o palco e assinam a direção. O projeto é realizado com recursos do Fundo de Apoio à Cultura do Distrito Federal (FAC-DF).

Serviço

Espetáculo “Curumim”, da Agrupação
Teatral Amacaca (ATA).
Quando: 21 de agosto, quarta, às 9h e 10h10 – para crianças de escolas da rede pública do DF.
Onde: Gramado do Parque da Cidade – Acesso pelo estacionamento 8. Quanto: Gratuito.