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Ex-goleiro Jefferson vira treinador da própria filha em clube nos Estados Unidos

19 de março, 2024 / Por: Agência O Globo

Ídolo do Botafogo ajuda sua filha Débora, de 13 anos, que sonha em seguir os passos do pai e virar goleira profissional

Ex-goleiro Jefferson vira treinador da própria filha em clube nos Estados Unidos
Jefferson e sua filha Débora — Foto: Arquivo Pessoal

O clichê “Tal pai, tal filho” nunca fez tanto sentido para o ex-goleiro Jefferson, terceiro jogador que mais atuou com a camisa do Botafogo. Mas para ele, a expressão correta seria “tal pai, tal filha”. Seis anos depois da aposentadoria, Jefferson vê e ajuda sua filha Débora, de 13 anos, a seguir os seus passos e começar a sua carreira como goleira de futebol.

O início da trajetória de Débora no futebol começou como uma brincadeira de criança na escola. Há, mais ou menos, seis meses, ela começou a “pegar no gol” durante a Educação Física sem vislumbrar um futuro no esporte. Até que o treinador do ST Cloud Soccer, time de futebol de Orlando, mudou completamente sua visão: ele a viu jogando e logo disse que via potencial na menina.

A primeira luva de Débora, claro que, não poderia ser outra. Assim que começou a atuar como goleira, ainda na escola, a jovem pediu uma luva emprestada para o seu pai, que durante 18 anos utilizou esse acessório. Surpreso, Jefferson — que também tem uma filha que vem se destacando no Atletismo e quebrando recordes na escola —, não quis pressioná-la para jogar futebol, mas logo viu que ela levava jeito.

Jefferson e sua filha Débora, que segue os passos como goleira — Foto: Arquivo Pessoal

— Arrumei a luva para ela e deixei porque não gosto de ficar fazendo pressão, afinal ela está em uma fase de se divertir. Uns dias depois fui assistir um treino e vi que ela leva um jeito (para ser goleira). O time que ela agarrou acabou perdendo a final do torneio da escola, mas ela agarrou super bem, tanto que um clube aqui de Orlando convidou ela para fazer parte da equipe — disse Jefferson, que completou: — Ela tem o dom e tamanho para ser goleira.

Com 13 anos e incríveis 1,76m de altura — apenas 13 centímetros a menos que seu pai —, Débora já sabia que seu futuro era no futebol e, especificamente, debaixo das traves. Principalmente depois que ela passou no teste no ST Cloud Soccer e começou a dar os seus primeiros passos como jogadora de futebol.

— Eu sempre usei meu pai como exemplo, eu já testei vários outros esportes antes de tentar o futebol, mas a primeira vez que eu tentei realmente eu já vi que era o meu esporte. Já tentei vôlei, arremesso de peso, futebol americano, mas o meu coração estava mesmo no futebol. Depois que eu comecei a jogar pela minha escola e um time me notou, eu comecei a ver que futebol era mesmo minha paixão de futebol — disse Débora em entrevista ao Globo.

A vocação de Débora acabou influenciando a vida de Jefferson, que terá mais uma ocupação em sua pós-aposentadoria. Além de administrar sua cafeteria no Brasil, a Beato Cafeteria, e sua empresa de home remodeling (remodelação de casa), nos Estados Unidos, o ex-goleiro do Botafogo começa hoje a atuar como treinador de goleiro no clube em que sua filha joga.

Quando sua filha entrou no clube de Orlando, Jefferson logo se voluntariou para ser o treinador de goleiro da equipe. A ideia dele é tentar treinar Débora com uma atividade específica de goleiro — uma vez que no time não possui um treinador que faça estes trabalhos —, e claro que, prontamente, o ST Cloud gostou da ideia e nomeou Jefferson como o preparador de goleiros oficial.

Débora em um torneio no seu clube — Foto: Arquivo Pessoal

Privilegiada por ter um pai que conhece bem a profissão, Débora usa isso muito bem ao seu favor. Ela conta que Jefferson é uma espécie de “coaching particular” e que, por ter uma vasta experiência no futebol, o ex-goleiro sabe corrigir os seus erros e explicar a melhor maneira de melhorar seus movimentos, embora, em algumas vezes, o treinamento acaba saindo do campo e indo para dentro de casa.

— Ele ensina com bastante carinho e calma, mas às vezes ele perde um pouco da paciência, principalmente quando eu insisto no mesmo erro, mas ele não fica bravo. Às vezes (dentro de casa) ele puxa o assunto e fala: “Débora, sabe aquele gol que você tomou”, pega um vídeo e me mostra, fala no que eu errei e já dá uns puxões de orelha em casa mesmo — apontou Débora.

— (E também) Quando vou assistir um jogo dela, eu fico igual a um pai americano, coloco a cadeira pertinho do campo e fico falando no ouvido dela: “Aquece. Não esfria não, Débora. Fica adiantada. Pula para direita” — finalizou Jefferson.


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