Dados da pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quarta-feira mostram que 33% dos brasileiros consideram que nenhum programa social do governo de Luiz Inácio Lula da Silva impacta de maneira positiva suas vidas. O número é maior do que o dos que citam benefícios como o Bolsa Família e o Minha Casa, Minha Vida, marcas registradas das gestões petistas. Segundo o levantamento, a maior parte dos entrevistados enxerga os projetos como direitos, que não serão retirados por nenhum político.

O benefício social que aparece melhor avaliado é o Bolsa Família, citado por 20% dos participantes do levantamento como o que de fato faz diferença em suas vidas. Em segundo lugar aparece a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até 5 mil, com 10%, medida anunciada pelo governo em março que ainda precisa do aval do Congresso. Em terceiro, com 9%, aparecem o Farmácia Popular e o Minha Casa Minha Vida, seguidos pelo Pé-de-Meia, citado por 7%. Ainda foram citados o saque de aniversário do FGTS (4%), o Desenrola (3%), Acredita (2%), Crédito do trabalhador (2%) e Gás Para Todos (1%).

O levantamento identificou também que 51% dos entrevistado concordam com a afirmação de que ‘programas sociais são direitos, ninguém tira’ enquanto 42% acham que eles não são e podem sim ser retirados. Outros 7% dos participantes não souberam responder.

—Embora 67% dos brasileiros reconheçam que algum programa do governo impacta de forma positiva sua vida hoje, com destaque para o Bolsa Família, a maioria acredita que os programas sociais do governo são direitos, que não serão retirados por nenhum governo. Ou seja, acabam virando políticas de Estado, que existirão independentemente do governo de ocasião. É o processo de extinção da gratidão automática — ressalta Felipe Nunes, diretor da Quaest.

Os dados mostram ainda que desaprovação ao governo Lula subiu sete pontos, chegando a 56%. O percepção negativa aparece descolada do índice de aprovação de forma inédita para o governo petista, que é avaliado de forma positivamente por 41% dos brasileiros. Na última análise, em janeiro de 2025, 49% desaprovavam enquanto 47% aprovavam a gestão do atual presidente.

A escalada da insatisfação com o trabalho de Lula se espalhou por todas as regiões do país, mas foi mais intensa no Nordeste, historicamente uma fortaleza eleitoral para os governos do PT. Nessa região, a taxa dos que desaprovam o governo pulou de 37% para 46% em dois meses, enquanto o percentual de aprovação recuou de 59% para 52%. No Sudeste, região mais populosa do país, são 60% os insatisfeitos, contra 37% que aprovam a gestão petista.

A desaprovação também saltou com maior intensidade entre os mais jovens, atingindo 64% no grupo dos que têm de 16 a 34 anos; entre eleitores com ensino superior incompleto (também 64%); e junto a pessoas de renda familiar considerada média baixa (61%).

Os resultados corroboram o cenário de deterioração da imagem do governo federal que vinha sendo apontado já há alguns meses por diversos institutos de pesquisa, como a própria Quaest, o Ipsos-Ipec e o Datafolha. Também indicam que as tentativas de ajuste de rota promovidas por Lula não surtiram efeito na opinião popular até agora. De janeiro para cá, o presidente substituiu Paulo Pimenta por Sidônio Palmeira na Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom), cobrou ministros, ampliou o espaço em sua agenda para viagens pelo país e anunciou medidas como o crédito consignado para trabalhadores em regime CLT e a isenção do Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil.

BS20250402142622.1 – https://oglobo.globo.com/politica/noticia/2025/04/02/genialquaest-33percent-dos-brasileiros-avaliam-que-nenhum-programa-social-do-governo-impacta-positivamente-suas-vidas.ghtml