Brasília Agora


POLÍTICA

Hacker, que diz trabalhar para carla Zambelli, tentou invadir celular de Moraes

7 de fevereiro, 2023

Conhecido por invadir o Telegram de procuradores da Operação Lava Jato em 2019, o hacker Walter Delgatti tentou invadir o aparelho do ministro do Supremo […]

Hacker, que diz trabalhar para carla Zambelli, tentou invadir celular de Moraes
Delgatti tentou invadir dados do ministro do STF e do TSE, Alexandre de Moraes - Foto: Reprodução/Youtube

Conhecido por invadir o Telegram de procuradores da Operação Lava Jato em 2019, o hacker Walter Delgatti tentou invadir o aparelho do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes. A informação foi divulgada pelos repórteres Amanda Audi, Gustavo Ribeiro, Euan Marshall e Ana Ferraz, do site The Brazilian Report.

Delgatti confirmou ao jornal digital que tentou contratar alguém para clonar o chip de celular utilizado por Moraes para ter acesso a aplicativos de mensagem e e-mails. O objetivo seria encontrar informações comprometedoras sobre o ministro que pudessem levar à sua suspeição e afastá-lo do comando do TSE.

O hacker está proibido de utilizar a internet pela Justiça. Apesar disso, Delgatti afirmou ser contratado pela deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) para administrar as redes sociais e o site da parlamentar, recebendo R$ 6 mil por mês. “Eu trabalho ainda com ela [Zambelli]. Eu cuido do site dela, das redes sociais que estão banidas no Brasil, de tudo. Eu tenho contrato de trabalho com ela”, afirmou o hacker, que diz ter aberto uma empresa para prestar serviços à deputada.

Foto: reprodução

Ao jornal, Zambelli afirmou que Delgatti nunca trabalhou para ela. A parlamentar mudou de versão após ser informada sobre o suposto contrato e respondeu: “Eu não tenho qualquer relação com Walter no que tange grampear o Moraes”.

Delgatti também se encontrou com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em agosto do ano passado, em uma reunião intermediada por Zambelli. Na ocasião, a deputada afirmou que a conversa seria sobre encontrar fragilidades nas urnas eletrônicas.

MARCOS DO VAL

Na semana passada, o senador Marcos do Val (Podemos-ES) acusou Bolsonaro de tentar coagi-lo a dar um golpe de Estado. O senador alega que foi procurado para gravar alguma conversa que comprometesse Moraes. Após a denúncia, o parlamentar afirmou que iria deixar o mandato, mas voltou atrás. Após Do Val mudar de versão, o ministro do STF determinou a abertura de inquérito contra o senador por suspeita de falso testemunho.

Após os atos golpistas do dia 8 de janeiro, a Polícia Federal encontrou uma minuta golpista na casa do ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do DF, Anderson Torres. O documento previa a investigação de casos de abuso de poder, suspeição de medidas ilegais da presidência do TSE antes, durante e depois do processo eleitoral.

Governo recebe mais de 107 mil e-mails sobre ataques antidemocráticos

O Ministério da Justiça e Segurança Pública recebeu mais de 107 mil e-mails com denúncias sobre os atos antidemocráticos de 8 de janeiro. De acordo com a Secretaria de Acesso à Justiça do ministério, das mais de 107 mil mensagens, foram analisadas 102.407 enviadas por 27.457 denunciantes.

Nos e-mails, há nomes de suspeitos de participantes, organizadores e financiadores dos ataques. Autoridades, como deputados, governadores, prefeitos e vereadores, que teriam convocado os atos foram mencionadas em 7.003 mensagens.

Conforme as denúncias, o Pix foi uma das ferramentas mais usadas para angariar recursos para os atos. Ao menos 559 mensagens citaram o uso do Pix. “O mapeamento é interessante porque, por meio do Pix, é possível chegar a uma pessoa que provavelmente estava na organização dos atos”, explica o secretário de Acesso à Justiça, Marivaldo Pereira.

Os dados coletados foram enviados para a Polícia Federal, que investiga os atos golpistas. “A gente não investiga. Quem investiga é a Polícia Federal, que é muito eficiente nisso. Ela vai cruzar com outras bases de dados e fazer o trabalho de detalhamento das denúncias”.