Um pouquinho bandidos
Roberta D’Albuquerque é psicanalista, autora de Quem manda aqui sou eu – Verdades inconfessáveis sobre a maternidade e criadora do portal A Verdade é Que…
As telas engolem a nossa juventude Um “filminho” que circula nas redes sociais nos mostra um homenzinho disfarçado de robô entrando na telinha de um celular, como se estivesse sendo engolido por esse aparelho de mil e uma utilidades. Simultaneamente, uma mensagem nos lembra que o celular “acabou” com a TV, com o computador, com …
Um “filminho” que circula nas redes sociais nos mostra um homenzinho disfarçado de robô entrando na telinha de um celular, como se estivesse sendo engolido por esse aparelho de mil e uma utilidades.
Simultaneamente, uma mensagem nos lembra que o celular “acabou” com a TV, com o computador, com o relógio, com o rádio, a lanterna, o espelho, com a carteira, o cartão bancário, a câmera fotográfica, a de filmar, com as enciclopédias… E esses mesmos aparelhinhos ainda nos oferecem jornais, revistas e livros, milhares de joguinhos, novelas e futebol ao vivo, enfim…
Está explicado por que os celulares também são conhecidos por “smartphones” – telefones espertos ou inteligentes.
Sobre essa modernidade, faltou dizer que o celular acabou, também, com a agenda, com as agências de namoros, com o bloquinho de notas, com o orelhão, com as cartas, com o fax, com as caríssimas tarifas de chamadas DDD e DDI…
O celular, enfim, é um tremendo “quebra galho”, um companheirão. Mas, não há mais dúvidas de que essa espetacular revolução tecnológica também incentiva o fim do diálogo, o afastamento entre amigos/as, desarma raciocínios e o fim de relações até então duradouras.
Mais: a instantaneidade da informação e a possibilidade de conversar vendo-se a imagem da outra pessoa acabou, tristemente, com a inigualável e gostosa paquera na mesa de um bar.
Uma charge publicada há pouco tempo, ilustrando um texto sobre esse tema, mostrava marido e mulher digitando em seus celulares, cada um sentado na extremidade de um confortável sofá. Diz o marido: “A bateria de meu celular acabou”. “A minha” também”, respondeu a mulher. “E agora, como vamos conversar”?, indagou o marido…
Essa crítica com humor escancara a realidade de que, independentemente da proximidade das pessoas, já somos excessivamente dependentes das telas. Conversar “olho no olho”, como naqueles tempos já se tornou um negócio muito chato.
Esse ainda recente fenômeno sugere a leitura do livro “A Fábrica de Cretinos Digitais”, escrito pelo francês Michel Desmurget, pesquisador especializado em neurociência cognitiva. O autor alerta para os efeitos nocivos da televisão sobre a saúde e o desenvolvimento cognitivo, especialmente em crianças.
A explicação acima está no livro de Michel Desmurget. E o que ele expõe, a seguir, é mesmo preocupante:
“Em média, crianças de dois anos passam quase três horas por dia em frente às telas; crianças de oito anos, cerca de cinco horas; e adolescentes, mais de sete horas. Isso significa que, antes de completar 18 anos, nossos filhos terão passado o equivalente a 30 anos letivos em frente às telas, ou, se preferir, 16 anos de trabalho em tempo integral”.
Transportando esse “novo mundo” para a educação formal temos que a escola brasileira ainda não está totalmente “mergulhada” no ensino através da tecnologia moderna, aí incluídos os smartphones. Ou faltam aparelhos para as crianças de comunidades pobres ou linhas telefônicas que permitam o acesso democrático de todos ao “mundo moderno”…
Recente reportagem na imprensa mostrou que os países nórdicos mais avançados nesse quesito – “educação” –, estão retrocedendo no método de ensino. Os governos desses países (Noruega, Dinamarca, Islândia, Finlândia e Suécia), que introduziram as telas nas escolas, perceberam, dez anos depois, que a iniciativa não foi das melhores. As crianças perderam a retenção de memória e a capacidade de aprender, entre outros estragos. Em decorrência, esses mesmos governos estão voltando aos seus métodos “antigos”, isso é, buscando de novo os livros e tirando totalmente as telas como instrumento de aprendizado das crianças.
E agora, Brasil? Qual a discussão que temos sobre essa realidade? Para onde vamos?
JOSÉ CRUZ
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