POLÍTICA

Líderes da Câmara devem usar reunião com Padilha para pedir mais espaço na Esplanada e lista enxuta de prioridades

12 de fevereiro, 2025 | Por: Agência O Globo

Ministro responsável pela articulação política vai conversar com parlamentares nesta quarta-feira

Padilha mostra uma das pastas em que organiza as demandas — Foto: Cristiano Mariz

Líderes partidários da Câmara vão se reunir nesta quarta-feira com o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, e devem usar o encontro para fazer sugestões de mudanças na forma como o governo desenvolve a articulação com o Congresso.

Entre as demandas dos deputados estão mudanças em uma reforma ministerial que atenda a Câmara. Os parlamentares também devem cobrar uma gestão organizada para a tramitação de projetos que considera prioritários.

— Tem que discutir realmente qual é a prioridade da prioridade. Tem que ter calma, é o início e vai ter formação de comissões, vai ter uma agenda até a primeira quinzena de março, votação de orçamento, entre outras coisas. Vamos ter de abril a dezembro para montar uma agenda. É um ano preparatório para eleição, então não adianta estar com devaneio do que é impossível votar. Tem que ter uma pauta mais objetiva — afirmou o líder do MDB na Câmara, Isnaldo Bulhões (AL), que é um cotado por partidos da base para assumir o lugar de Padilha.

O encontro servirá ainda para uma aproximação inicial com os novos líderes. Partidos como Republicanos, União Brasil, PDT e PSB trocaram as lideranças neste ano.

Ainda que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não tenha tomado nenhuma decisão sobre mudanças em ministérios, há sinalizações de alterações em pastas comandadas pelo PT, PSD, União Brasil e PP.

Partidos menores também desejam aumentar a representatividade na Esplanada dos Ministérios. O líder do PDT na Câmara, Mário Heringer (MG), que vai participar da reunião nesta quarta, disse que a legenda deseja ter outro ministério além da pasta da Previdência, comandada pelo presidente licenciado do partido, Carlos Lupi.

—O pedido que nós temos é de termos o segundo ministério. Sempre quisemos um ministério melhor (que o da Previdência), mas o Lupi alcançou vários benefícios lá dentro para o povo brasileiro e, com certeza, mostrou o valor que ele tem. Mas é um ministério de serviço, ele serve para trabalhar e ele está trabalhando bem — declarou.

Segundo ele, não há uma pasta específica reivindicada pelo partido.

Ainda que seja tratado como uma reunião com líderes da base aliada, nem todos os presentes se identificam como apoiadores do governo Lula.

O líder do Republicanos, deputado Gilberto Abramo (MG), por exemplo, disse que vai participar da reunião, mas reforça que o partido dele adota independência em relação ao governo.

A sigla tem o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, mas também abriga nomes de oposição, como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas. Abramo declarou que independente dos partidos serem de esquerda ou direita, o governo precisa do Congresso.

—O governo de uma forma ou de outra tem que estar próximo do Congresso, até porque ele precisa do Congresso, independente se de direita ou de esquerda.

O Planalto só vai divulgar a lista de prioridades após a reunião com o objetivo de buscar aval dos congressistas para avançar nos projetos de interesse do governo. A estratégia também é um gesto aos parlamentares para tentar construir uma pauta em conjunto e levar a público apenas os textos que tiverem chances reais de avançarem na Câmara e no Senado.

Na semana passada, o ministro Fernando Haddad (Fazenda) levou ao Congresso uma lista com 25 projetos que julga prioritários, como a isenção do IR, limitação a supersalários e regulamentação das big techs. É a primeira vez que a articulação política do governo se reúne com líderes das legendas aliadas ao governo em 2025. O encontro ocorrerá em um momento em que Lula reflete sobre mudanças no primeiro escalão e legendas pressionam por mais espaço em ministérios.

Além das iminentes mudanças no primeiro escalão, o governo convive com os recados emitidos pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), logo na primeira semana na presidência da Câmara. Motta já afirmou que Lula não pode falar para a “bolha”, como fez o ex-presidente Jair Bolsonaro, e defendeu que o governo corte gastos.

O chefe da Casa também disse que o 8 de Janeiro não foi uma tentativa de golpe e defendeu que não haja “exageros” nas penas aplicadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) aos condenados. A fala foi criticada por governistas, que estão preocupados com um possível estímulo ao projeto que prevê anistia para os envolvidos no ataque às sedes dos três Poderes.


BS20250212030017.1 – https://oglobo.globo.com/politica/noticia/2025/02/12/lideres-da-camara-devem-usar-reuniao-com-padilha-para-pedir-mais-espaco-na-esplanada-e-lista-enxuta-de-prioridades.ghtml

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