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ECONOMIA

Mineradoras avançam com ajuda da tecnologia, que reduz risco para trabalhadores

19 de setembro, 2024 / Por: Agência O Globo

Revolução em andamento: inteligência artificial, aprendizado de máquinas e drones vêm sendo usados por gigantes dos setores de processadores e infraestrutura

Mineradoras avançam com ajuda da tecnologia, que reduz risco para trabalhadores
Caminhões e escavadeiras são operadas remotamente, evitando os riscos inerentes à atividade. Foto: Divulgação / Huawei

Inteligência artificial, rede 5G, algoritmos e aprendizado de máquina. As mineradoras estão recorrendo cada vez mais ao avanço da tecnologia para reduzir custos, aumentar a produtividade e garantir a segurança dos funcionários. O interesse crescente tem levado gigantes dos setores de processadores e infraestrutura a ampliarem seus investimentos e desenvolverem soluções específicas para o segmento.

Segundo Rafael Marchi, sócio-diretor da consultoria A&M Infra, a digitalização na mineração é uma revolução em andamento. Ele afirma que veículos autônomos e equipamentos de realidade virtual, além de soluções de mapeamento de alta resolução e de perfuração inteligentes, estão ganhando força na indústria.

— As operações estão se tornando mais eficientes e seguras. Veículos autônomos, como caminhões e escavadeiras, realizam tarefas perigosas e repetitivas, aumentando a segurança dos trabalhadores e otimizando a logística e a produtividade. Já a inteligência artificial, conjugada à análise de dados, permite identificar padrões e tendências nas operações — explica Marchi.

Segundo Carla Wilson, gerente-geral BHP Brasil, o uso da tecnologia acelera a melhoria contínua na cadeia de valor, desde a introdução de tecnologias avançadas para melhorar a segurança e aumentar a produtividade até a redução do consumo de água e energia:

— O uso avançado de tecnologias de última geração, como inteligência artificial (IA), nuvem e análise de dados, está permitindo uma recuperação mais rápida e econômica de recursos, de maneira mais segura e sustentável.

Ela cita o investimento de cerca de US$ 13 milhões por ano nos últimos dois anos na implantação de tecnologia baseada em nuvem para aumentar a precisão do planejamento operacional da mina ao porto:

— Usamos modelos de aprendizado de máquina para otimizar o manuseio e as configurações do carvão operacional e prever com precisão a mistura de produto.

Conexão por rede 6G

Para Leonardo Finizola, diretor de Desenvolvimento de Negócios da Qualcomm para a América Latina, o debate está em como utilizar toda essa nova fronteira tecnológica.

— Estamos entrando em uma nova fase da evolução tecnológica. As tecnologias podem estar presentes no terminal de comunicação do operador, no drone, no robô, na câmera inteligente para segurança, no crachá inteligente, nos óculos de realidade virtual ou aumentada e nos sensores de gerenciamento de frotas — explica Finizola.

Agora, as empresas já estão de olho nos próximos passos, com a chegada da inteligência artificial generativa, capaz de criar os mais variados comandos, e da rede 6G, voltada para a conexão entre máquinas em altíssima velocidade. Flavio Pereira Hott, CTO do setor de Mineração da Huawei Brasil, destaca que o ambiente de trabalho em uma mina é considerado severo, sujeito a mudanças extremas de temperatura, poeira e ruído. Por isso, uma das alternativas é construir uma rede privada para permitir automação e operação remota de vários equipamentos, como escavadeiras e caminhões. Com o uso de algoritmos baseados em aprendizado de máquina, grandes volumes de dados são analisados em tempo real, agilizando a tomada de decisões de forma mais precisa:

— A nova fronteira é aliar a automação e a inteligência artificial aos processos produtivos. Mas, até o fim da década, muitas mudanças virão, quando o 6G se tornar realidade. Estamos em um momento crítico, evoluindo da transformação digital para a transformação inteligente, unindo redes, poder de computação, dados, aplicações e talentos.

Na Vale, uma das maiores mineradoras do mundo, o objetivo é aumentar a proteção dos trabalhadores e a produtividade. A empresa já conta com 28 caminhões autônomos, além de 24 perfuratrizes e 39 máquinas de pátio em operação, todas gerenciadas remotamente. Há também o uso de drones, que enviam informações em tempo real. Tudo isso dentro de uma rede privada de telecomunicações, com cientistas e engenheiros de dados dedicados exclusivamente a projetos de inteligência artificial.

— Inteligência artificial, sistemas de computador, GPS e radares fazem parte da rotina dos empregados da Vale. Com essa tecnologia, implementada em 2018, os equipamentos se movem sem operadores. o que reduz significativamente os riscos aos quais os funcionários estão expostos na área operacional — destaca Rafael Bittar, vice-presidente executivo técnico da Vale.

Na Alcoa, drones são utilizados para realizar rotas operacionais de inspeção e medições remotas. Gisele Salvador, CFO da Alcoa no Brasil, aponta que a automação e a digitalização dos processos são essenciais para melhorar desempenho, controle e segurança.

— Temos dois protótipos de cães robóticos, que operam por inteligência artificial, na Austrália. O plano é implementar no Brasil, para a mina em Juruti (Pará) e a Refinaria da Alumar (Maranhão).


BS20240919070154.1 – https://oglobo.globo.com/economia/noticia/2024/09/19/mineradoras-avancam-com-ajuda-da-tecnologia-que-reduz-risco-para-trabalhadores.ghtml