POLÍTICA
Múcio aproveita pedido de avião presidencial para levar a Lula necessidade de renovação de frota aérea das Forças Armadas
23 de outubro, 2024 / Por: Agência O GloboNo Exército, maior necessidade é de helicópteros. Atualmente, a Força dispõe de 94 aeronaves deste tipo para atuar em todo país
O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, vai aproveitar as discussões no governo sobre a compra de um novo avião presidencial para levar a Lula as necessidades de renovação da frota aérea das Forças Armadas e outras lacunas de infraestrutura e orçamento do Exército, Marinha e Aeronáutica.
O ministro já sinalizou ao gabinete presidencial o desejo da agenda e aguarda Lula chamá-lo para o encontro, que terá a presença dos comandantes do Exército, Tomás Paiva, da Marinha, Marcos Olsen Sampaio, e da Aeronáutica, Marcelo Kanitz Damasceno.
Além de buscar modelos de um novo avião presidencial, a FAB está levantando a necessidade de compra de novos aviões para sua operação. Lula já havia afirmado em entrevista que o governo precisava comprar “alguns outros aviões, porque é preciso os ministros viajarem” e não fiquem apenas em Brasília.
No Exército, o maior gargalo é de helicópteros. Atualmente, a força dispõe de 94 aeronaves deste tipo, das quais duas foram substituídas recentemente por terem alcançado o tempo limite de operação.
Militares argumentam que é necessária a construção de Destacamentos de Aviação no Sul, no Nordeste e outro próximo à fronteira, o que ampliaria a capacidade operacional de resposta do Exército em situações como em catástrofes climáticas. Durante a tragédia das chuvas de maio do Rio Grande do Sul, por exemplo, helicópteros que estavam na região Norte precisaram ser deslocados às pressas até o Sul.
Esses e outros cenários, como a falta de recursos para custeio dessa frota, serão levados a Lula por Múcio e a cúpula das Forças Armadas. Devido a um acidente doméstico no último sábado, o presidente cancelou viagem à Rússia nesta semana para Cúpula dos Brics e tem recebido ministros no Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência da República.
Nessa conversa, Múcio já deve apresentar a Lula as primeiras opções de compra de um novo avião presidencial, levando em consideração fatores de disponibilidade no mercado e preço. Uma das possibilidades em análise é comprar um avião novo e adaptá-lo para o transporte do presidente ou adquirir uma aeronave pronta que já é composta por essas exigências. O Ministério da Defesa tem buscado opções pelo mundo que atendam, no mínimo, aos critérios de conforto e comodidade de que o Aerolula já dispõe.
O avião presidencial é dividido em três partes. A principal com cerca de 10 poltronas, leva as principais autoridades a bordo. No meio há uma sala, com uma mesa no centro e, na parte de trás da aeronave, viajam os assessores e demais convidados do voo oficial, em aproximadamente 40 assentos semelhantes aos de aviões comerciais. Também possui suíte presidencial e chuveiro.
Em 1º de outubro, essa aeronave apresentou problemas logo após a decolagem e teve que ficar quase cinco horas dando voltas na Cidade do México para queimar combustível antes de poder retornar ao aeroporto.
De acordo com a Força Aérea, a aeronave, que foi adquirida em 2004, apresentou “uma anomalia técnica” o que resultou em “alta vibração em uma das turbinas”. Uma equipe do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) foi enviada ao México para apurar as causas do incidente. Após o incidente, Lula anunciou que compraria uma nova aeronave:
— Tiramos uma lição. Vamos comprar não apenas um avião, mas é preciso comprar alguns aviões, porque o Brasil, um país grande, a gente ser pego de surpresa? Então vamos preparar. Eu pedi que o ministro da Defesa me fizesse uma proposta. Vamos comprar um avião para o presidente da República entendendo que a ignorância não pode prevalecer. O avião é para o presidente da República, não é para o Lula, Bolsonaro, FHC, é para instituição, quem quer que seja eleito — afirmou Lula em entrevista em Fortaleza em 11 de outubro.