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Declaração do ministro das Relações Institucionais foi em resposta ao presidente da Câmara, que o chamou de ‘incompetente’
O ministro das Relações Institucionais Alexandre Padilha, atacado pelo presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL) nesta quinta-feira, rebateu as falas e declarou que não vai “descer ao nível” do deputado, que o chamou de “incompetente” e “desafeto pessoal”. Responsável pela articulação política do governo, Padilha ainda disse não guardar rancor do parlamentar.
— Sinceramente, não vou descer a esse nível. Sou filho de uma alagoana arretada que sempre disse que, se um não quer, dois não brigam — afirmou Padilha nesta sexta-feira, antes do evento Líderes em Energia, no Rio.
As declarações de Lira ocorreram durante evento no Paraná, após ser perguntado sobre a votação que manteve o deputado Chiquinho Brazão (sem partido-RJ) na prisão. Lira e Padilha estão rompidos desde o fim do ano passado. Hoje, Padilha classificou a relação do governo com o Congresso como um “sucesso” no ano passado, e citou Emicida.
— Quero repetir esse sucesso, não tenho nenhum tipo de rancor. A periferia de São Paulo produziu uma grande figura, o Emicida, que diz: ‘Mano, o rancor é igual tumor: envenena a raiz, quando a plateia só deseja ser feliz’. Sei que os deputados querem ser feliz e manter os bons resultados para o país — apontou.
Para o presidente da Câmara, o governo passou a “plantar” a tese de que ele trabalhou a favor da soltura de Brazão, preso no mês passado acusado de ser um dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco. Lira nega ter se movimentado para este fim. Na quarta-feira, por 277 a 129 votos, a Câmara manteve a detenção do parlamentar do Rio.
No mesmo dia, Padilha se manifestou logo cedo pela manutenção da prisão de Brazão. O governo orientou as bancadas a votarem para que o parlamentar continuasse preso. Ao longo do dia, auxiliares do presidente Lula entenderam que Lira não gostou do gesto.
As críticas públicas de Lira contra o ministro de Lula foram recebidas pelo Palácio do Planalto como uma demonstração de insatisfação do deputado pelo resultado do plenário. O presidente da Câmara afirmou que a votação foi “individual” e que não houve empenho seu convencimento de parlamentares para aderirem a soltura de Brazão. O Planalto, no entanto, interpreta a reação de Lira nesta quinta como um “recibo” de que, se houve movimentação do presidente da Câmara para soltar Brazão, o parlamentar saiu derrotado dessa articulação.
Questionado nesta sexta-feira sobre o aspecto que teria motivado as críticas de Lira, Padilha alegou de novo que não desceria o nível:
— O único ato que fizemos publicamente durante a votação desse tema foi afirmar que o governo defendia, sim, a manutenção da prisão desse parlamentar — disse Padilha, que complementou. — Lembrando que o governo inclusive tem uma ministra (Anielle Franco, da Igualdade Racial) que é irmã da Marielle.
A declaração desta sexta-feira foi a primeira do ministro após a o ataque de Lira. Ontem, logo após as críticas virem à tona, Padilha publicou um post no X (antigo Twitter) com um vídeo em que Lula faz uma série de elogios a ele e ao seu desempenho frente à articulação política. Lula chegou a dizer que Padilha iria “bater recorde” de tempo à frente do ministério.
Arthur Lira e Alexandre Padilha não conversam desde o final do 2023. Lira tem tratado de assuntos do governo com o ministro da Casa Civil, Rui Costa.
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Relator, Carlos Portinho apresentou texto alternativo à versão original, incluindo possibilidades restritas de divulgação.
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