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Atividade ganhou ritmo em relação a fevereiro, quando variou 0,1%, mas crescimento foi concentrado em poucas atividades
Puxado pela produção de alimentos, o setor industrial brasileiro ganhou certo ritmo em março e avançou 0,9% no mês, após variar 0,1% em fevereiro. Os dados fazem parte da Pesquisa Industrial Mensal (PIM) e foram divulgados pelo IBGE nesta sexta-feira.
Segundo André Macedo, gerente da pesquisa do IBGE, o crescimento da indústria ficou concentrado em poucas atividades em março. Mas o desempenho por si só não acende um sinal de alerta, já que houve alta na produção dentro das indústrias de transformação e extrativa, atividades de peso no setor.
Macedo avalia que a indústria tem tido trajetória mais positiva desde o ano passado, fruto da conjuntura econômica que combina melhora do mercado de trabalho com queda nas taxas de juros e aumento da massa salarial.
— São fatores que ajudam a explicar essa sequência de resultados positivos.
Duas das quatro categorias econômicas registraram aumento na produção. É o caso dos setores de bens intermediários (1,2%) e bens de consumo semi e não duráveis (0,9%), que juntos têm peso de cerca de 80% sobre a estrutura industrial. Já bens de consumo duráveis (-4,2%) e bens de capital (-2,8%) registraram reduções no período.
Em termos de ramos industriais, apenas cinco dos 25 mostraram avanço na produção em março. As principais influências positivas vieram de produtos alimentícios (1,0%), produtos têxteis (4,5%), impressão e reprodução de gravações (8,2%) e indústrias extrativas (0,2%).
Segundo Macedo, a produção de itens como açúcar, carne bovina e laticínios ajudou a estimular o setor em março.
— O complexo de carne impactou positivamente essa categoria econômica e também o setor de alimentos.
No sentido oposto, entre as 20 atividades que apresentaram retração na produção, veículos automotores, reboques e carrocerias (-6%) e equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-13,3%) tiveram os principais impactos negativos em março.
Analistas avaliam que o setor industrial tem uma tendência mais positiva neste ano. Entre os fatores que corroboram para a ala, Igor Cadilhac, economista do PicPay, considera a recuperação global do setor, o bom desempenho das exportações de petróleo, minério de ferro e soja e as políticas de estímulos à atividade econômica por parte do governo, como o novo plano industrial.
— Projetamos uma variação de 1,6% para a produção industrial brasileira em 2024 — explicou.
Segundo Stéfano Pacini, economista do FGV Ibre, a confiança da indústria segue avançando por conta de uma perspectiva de ambiente de negócios mais favorável no segundo semestre, embora haja receio quanto à produção. O Índice de Confiança da Indústria (ICI) do FGV Ibre subiu 0,3 ponto em abril, para 96,8 pontos.
— Além do cenário macroeconômico de queda na taxa de juros, controle da inflação e melhora nos indicadores de trabalho e renda, o avanço da nova política industrial e da reforma tributária podem ser fatores chaves para confirmar esse otimismo para os próximos meses entre os segmentos — avaliou, em comentário.
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