Desafiando o ditado que diz que “quem planta tâmaras não colhe tâmaras”, em função do longo período que a palmeira originária do Oriente Médio leva para se desenvolver, o Brasil tem investido na fruta mais doce do mundo. E que ganhou destaque em receitas fit no lugar do açúcar.

Há quatro meses, 112 mudas de 12 genéticas diferentes chegaram ao país para serem avaliadas por pesquisadores da Embrapa Semiárido, em Petrolina, Pernambuco. O plano é desenvolver um sistema de produção economicamente viável no semiárido.

Segundo Rita de Cássia Souza Dias, pesquisadora responsável, a primeira tentativa de introduzir a palmeira no país foi na década de 1980. A pesquisa foi encerrada por falta de financiamento, mas ganhou fôlego desde que o governo da Bahia firmou parceria com os Emirados Árabes no ano passado para a introdução de novas variedades no país.

— A expectativa é retomar estratégias para viabilizar o cultivo da tamareira no semiárido baiano, com trabalhos na área de irrigação, nutrição e manejo de solo — afirma.

Segundo ela, o principal desafio na época era a seleção das plantas fêmeas, que produzem o fruto: um gargalo superado com os avanços tecnológicos em pesquisa genética.

De acordo com o assessor técnico da Secretaria de Agricultura da Bahia (Seagri), Carlito Souza Nunes, o estado está investindo R$ 6 milhões para o desenvolvimento de um sistema produtivo da tâmara. Dez mil mudas serão recebidas dos Emirados Árabes ao longo de cinco anos, período em que serão multiplicadas para serem distribuídas a produtores do semiárido, do oeste da Chapada Diamantina.

Em Tenente Laurentino, no Rio Grande do Norte, o agricultor José Lázaro da Gama colhe hoje os frutos que plantou em 2013, quando decidiu investir no cultivo. A motivação veio após um curso de paisagismo e, entre erros e acertos, colhe cerca de 150 quilos por ano de 25 plantas adultas que mantém em sua propriedade.

Cada planta adulta tem capacidade de produzir, no auge, mais de cem quilos.

Hoje, o foco de Gama é a venda de sementes e mudas para outros produtores. Anualmente, chega a vender 6 mil sementes de tamareira.

Sem produção comercial relevante e com o consumo crescendo, o Brasil tem ampliado importações de tâmara. Em dez anos, a compra no exterior passou de 776 toneladas para mais de 4,3 mil toneladas, segundo dados do Ministério da Agricultura. Só no último ano, a alta foi de 53,5%, sendo 79,5% do volume da Tunísia. Outras origens são Emirados Árabes, Arábia Saudita, Irã, Palestina, Israel e Turquia.

BS20250204070037.1 – https://oglobo.globo.com/economia/noticia/2025/02/04/queridinha-das-receitas-fit-tamara-atrai-investimentos-para-ser-produzida-no-brasil.ghtml