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CULTURA

Teatro do CCBB Brasília é palco para nova montagem de “Fim de Partida”

21 de março, 2024 / Por: Redação

Espetáculo baseado no texto do dramaturgo Samuel Beckett traz o mundo sombrio e angustiante do autor irlandês vivido por dois palhaços: pai e filho

Teatro do CCBB Brasília é palco para nova montagem de “Fim de Partida”
Em cena, Francisco Dornellas (78) e Victor Dhornelas, que divide os palcos com seu pai desde a infância - foto: divulgação

A estreia ocorre no Teatro do CCBB Brasília dia 28 de março, onde cumpre temporada até 21 de abril, com sessões de sexta a segunda, sempre às 19h. Os ingressos, a partir de R$ 15 a meia-entrada, podem ser adquiridos a partir de 23 de março na bilheteria física do CCBB Brasília ou pelo site www.bb.com.br/cultura.

Eid Ribeiro, um dos mais relevantes artistas do teatro brasileiro, retorna a um dos mais conhecidos textos de Beckett, já levado aos palcos pelo diretor mineiro nos anos 1980. Ao revisitar “Fim de Partida”, Eid inova tendo, desta vez, dois palhaços da Trupe Garnizé como protagonistas: Francisco Dornellas e seu filho Victor. Completam o elenco, em participações especiais, João Santos e Marina Viana.

“Fim de Partida” busca provocar uma simbiose entre o personagem da ficção beckettiana e a linguagem da palhaçaria, com duas narrativas que percorrerão caminhos paralelos, mas que se identificarão em determinados momentos, praticando um jogo de ironia e escárnio, rindo do trágico destino traçado para a humanidade.

O espetáculo foi escrito por Beckett num contexto pós-catástrofes, após duas guerras mundiais. Sobre os destroços e os entulhos do nazifascismo, Beckett desloca o olhar sobre este plano de destruição e envenenamento social e escreve, entre 1954 e 1956, uma peça sobre as relações tóxicas, servis e parentais. No espaço fechado de um bunker, as duas personagens principais, Hamm e Clov, agem e dialogam num jogo de repetições próprio da comédia burlesca.

A nova montagem de Ribeiro traz um Beckett com tons de comédia, sem deixar de ser profundamente humano. Em cena, Francisco Dornellas (78) vive Hamm e contorna as dificuldades motoras e cognitivas ocasionadas por dois AVCs recentes sofridos pelo ator. Para superar os desafios, Chico conta com recursos tecnológicos e o auxílio do filho, Victor Dhornelas, que divide os palcos com seu pai desde a infância.

“Queremos mostrar que Samuel Beckett é um escritor e poeta visionário. À medida que o tempo passa, sua criação se torna cada vez mais atual diante do mundo em que vivemos. E nada melhor que a sabedoria de um velho palhaço para narrar a sua história. Esperamos, assim, que o nosso Fim de Partida seja uma ode de amor ao teatro, como também demonstrar a possibilidade de enaltecer a vida através da arte”, explica Eid Ribeiro.

O resultado pode ser visto como um espetáculo que navega rumo ao acaso e à improvisação, mas com pontual elaboração em determinados momentos. “Enquanto o mundo caminha para a extinção, no premonitório planeta Beckettiano, onde os seres humanos não conseguem se comunicar apesar de falarem pelos cotovelos, o humor e o riso fazem parte dessa nossa tragédia. E nada melhor que ter ao lado a companhia de dois palhaços. Por que não? A estrada é longa, cheia de curvas e encruzilhadas onde podemos nos perder”, reflete o diretor.

Sobre Eid Ribeiro

Eid José Ribeiro Aguiar é um dos artistas mais relevantes da cena artística mineira e nacional. Nascido em Caxambu em 1943, o dramaturgo, roteirista e diretor teatral já dirigiu e escreveu para coletivos como Grupo Galpão, Grupo Teatro Delle Radici (Suíça), Grupo Trama, Cia Acômica e Grupo Armatrux. Foi ainda fundador do Grupo Geração, coletivo teatral que atuou na resistência à ditadura militar no Brasil, repórter e colunista de diversos jornais mineiros e fluminenses e curador e diretor de programação do Festival Internacional de Teatro Palco & Rua de Belo Horizonte.

Um dos artistas veteranos mais atuantes do cenário mineiro, Eid Ribeiro marca sua obra com um estilo inconfundível, que traz referências que vão do teatro moderno norte-americano e europeu aos circos mambembes do Brasil; do experimental ao popular; do grotesco ao sublime; do existencial ao político. Como dramaturgo, seus primeiros textos foram escritos durante sua internação no Sanatório dos Bancários, por decorrência de uma tuberculose, onde fez teatro com outros internos. Ingressando posteriormente no Teatro Universitário, em 1965, Eid passa a fazer parte de uma geração importante de autores que inclui nomes como Alcione Araújo e José Antônio de Souza. Desde então, seus textos já foram encenados por diversos grupos e diretores espalhados pelo país, vencedores de vários concursos e prêmios.

Ficha técnica

Direção: Eid Ribeiro. Assistente de direção: João Santos. Texto: Samuel Beckett. Tradução: Fábio de Souza Andrade. Elenco: Francisco Dornellas, Victor Dhornelas, João Santos e Marina Viana. Iluminação: Bruno Cerezoli. Trilha Sonora: Eid Ribeiro e João Santos. Efeitos sonoros e Trilha sonora original: Airon Gischewski. Cenário e figurino: Eduardo Félix. Assistente de cenografia: Márcio Miranda. Costureira: Aurora Majnoni. Serralheiro: Nilson Santos. Colaboração artística (figurino e maquiagem): Thálita Motta. Execução de maquiagem: Victor Dhornelas. Confecção de boneco: Leandro Marra e Eduardo Félix. Preparação corporal: Eliatrice Gischewski. Preparação vocal: Ana Hadad. Produção executiva: Nathan Coutinho. Assistente de produção: Guga Medeiros e Daniel Dornellas. Coordenação de Produção e Gestão de projeto: Cris Moreira – Esparrama!. Gestão financeira: Graziane Gonçalves. Coordenação de Comunicação: Bárbara Amaral. Assessoria de imprensa Brasília: Rodrigo Machado – Território Comunicação. Programação Visual: Tiago de Macedo (Estúdio Ofício). Consultor de palhaçaria: Evandro Heringer.

Serviço

Espetáculo “Fim de Partida”. Local: Teatro do CCBB (SCES Trecho 2 Lote 22 – Edif. Presidente Tancredo Neves – Setor de Clubes Especial Sul). Temporada: de 28 de março a 21 de abril. Horários: de sexta-feira a segunda-feira, sempre às 19h. Ingresso: R$ 30 (inteira), e R$ 15, à venda no site www.bb.com.br/cultura e na bilheteria física do CCBB Brasília, a partir de 23 de março. Classificação: não recomendado a menores de 16 anos. Informações: (61) 3108-7600; e-mail: [email protected]; site: bb.com.br/cultura; Instagram @ccbbbrasilia; YouTube/Bancodobrasil.