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Vape: Comissão do Senado pode votar projeto que libera cigarro eletrônico nesta semana

2 de setembro, 2024 / Por: Agência O Globo

Senadores a favor da medida querem aproveitar semana de esforço concentrado, mas entidades médicas e evangélicos pressionam contra

Vape: Comissão do Senado pode votar projeto que libera cigarro eletrônico nesta semana
Em meio a debate regulatório sobre o cigarro eletrônico no Brasil, consumo dos 'vapes' cresce e produto é comercializado livremente — Foto: Joedson Alves/Agência Brasil

O projeto de lei que regulamenta o uso dos cigarros eletrônicos está previsto para ser votado pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado nesta terça-feira. A iniciativa é de autoria da senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS) e é relatada pelo senador Eduardo Gomes (PL-TO), que deu um parecer favorável.

A previsão inicial era que o projeto fosse analisado há duas semanas, mas a pressão de grupos contrários ao texto fez o senador Vanderlan Cardoso (PSD-GO), presidente da CAE, adiar a votação. Vanderlan é candidato a prefeito de Goiânia e tem sido cobrado por grupos evangélicos a não pautar o projeto.

O tema tem sido alvo de discussões acaloradas, com setores apontando os malefícios para a saúde e outros avaliando que o melhor seria regular porque o consumo já existe de qualquer forma.

Essa semana é de esforço concentrado no Senado, o que significa que os parlamentares precisam comparecer presencialmente nas votações. Nas demais semanas, por conta das eleições municipais, as votações têm sido feitas de forma remota.

Cigarro eletrônico. Foto: Divulgação/Ministério da Saúde

Desde 2009, todos os Dispositivos Eletrônicos para Fumar (DEFs), categoria que engloba os cigarros eletrônicos, os vapes, os pods e outros aparelhos semelhantes, têm a venda e a distribuição proibidas no Brasil. Em abril deste ano, após uma longa reavaliação sobre o tema, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) decidiu manter o veto aos dispositivos.

O projeto prevê a aplicação de multa de R$ 20 mil para quem vende cigarros eletrônicos a crianças e adolescentes menores de 18 anos. A previsão é de até oito anos de prisão, o dobro previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), para quem vende produtos cujos componentes possam causar dependência física ou psíquica.

O texto define ainda uma série de exigências para a permissão da fabricação, importação, exportação e comercialização do produto, como a obrigatoriedade do registro na Anvisa, cadastro na Receita Federal e no Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro).

O texto cria a obrigatoriedade da apresentação de laudo de avaliação toxicológica do cigarro eletrônico para o registro na Anvisa.

Quem é a favor da liberação aponta a já existente circulação dos aparelhos, fruto do contrabando, como um sinal da ineficiência da proibição. Alegam que a liberação, com a devida regulamentação, criaria uma régua sanitária para a composição dos vapes.

Por outro lado, os críticos da medida citam os malefícios que eles representam para a saúde. Na semana passada, 80 entidades médicas, entre elas a Associação Médica Brasileira (AMB) e a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), assinaram uma carta reforçando a posição contrária ao projeto.

As sociedades representativas dos médicos afirmam que a liberação dos cigarros eletrônicos “é uma grave ameaça à saúde pública brasileira” e que “a administração da nicotina neste formato tem sido associada a um aumento no risco de iniciação do consumo de cigarros tradicionais entre crianças e jovens”.


BS20240902030105.1 – https://oglobo.globo.com/saude/noticia/2024/09/02/vape-comissao-do-senado-pode-votar-projeto-que-libera-cigarro-eletronico-nesta-semana.ghtml