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Fontes ligadas ao vice-presidente afirmam que interlocução que ex-tucano tem feito pode ser crucial para vitória de uma eventual chapa nas próximos eleições

Principal articulador do governo federal nas negociações internas e externas desde que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou um tarifaço contra o Brasil, em 9 de julho, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB-SP), tem conquistado um protagonismo até então inédito desde a posse presidencial, em janeiro de 2023, a ponto de levar aliados a colocá-lo como principal nome para uma nova dobradinha com Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2026.
Nas últimas semanas, incluindo aos finais de semana, Alckmin, que coordena o recém-criado Comitê Interministerial de Negociação e Contramedidas Econômicas e Comerciais, realizou cerca de 30 reuniões com 162 representantes públicos, 225 privados e 123 entidades particulares, como associações, federações e empresas em geral. Também conversou por três vezes com o secretário de Comércio dos Estados Unidos (EUA), Howard Lutnick, sempre para tratar da elevação de tarifas, segundo técnicos que atuam com o ex-tucano.
Nas palavras de um aliado do vice, essa interlocução com vários setores, juntamente com a ampla exposição que Alckmin vem recebendo nas últimas semanas – esteve no programa Mais Você, da TV Globo, apresentado por Ana Maria Braga –, podem ser utilizadas quando a campanha presidencial engrenar, sobretudo para chegar a locais aos quais Lula teria dificuldades, como no agronegócio.
Além disso, como já ocorreu em 2022, quando a então improvável união de ex-adversários políticos foi anunciada e saiu vitoriosa, Alckmin poderia, melhor do que ninguém, angariar votos de eleitores que não votariam em Lula e são refratários ao Partido dos Trabalhadores, mas que não aceitam um nome do bolsonarismo, sempre na avaliação de pessoas próximas a Alckmin.
– Não é que o Alckmin funcionaria como atração de votos, mas ele é a desculpa que o eleitor procura para poder não votar no bolsonarismo. É uma desculpa do bem, eu diria – afirma um aliado de Alckmin que pediu para não ser identificado.
Por outro lado, lideranças do PT afirmam que o ex-governador paulista pode ser um bom candidato para concorrer em São Paulo, seja para tentar o quinto mandato no Palácio dos Bandeirantes, seja para uma vaga no Senado. Um dos motivos para isso, além de “abrir espaço” para outro partido na chapa presidencial, é a boa avaliação que o paulista possui em seu estado.
Se depender de Alckmin, seu posto em Brasília permaneceria como está, mas como a palavra final será de Lula, o vice-presidente poderia, mesmo a contragosto, se lançar a outros cargos majoritários nas eleições paulistas. Recentemente, o presidente da República sinalizou a importância de a base aliada lançar palanques competitivos para a Câmara dos Deputados e Senado, sobretudo após o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) fazer o mesmo, e não descarta incluir ministros nas chapas estaduais.
– A esquerda toda que está aqui não tem mais a maioria no Congresso e para a gente aprovar alguma coisa tem que ter pelo menos metade. A gente precisa transformar nossos sonhos em ações. É preciso o PT se perguntar como elege um presidente cinco vezes e só fez 70 deputados. Porque o PCdoB fez tão poucos? PV? Será que o povo está nos compreendendo, nos entendendo. A estratégia para aprovar tudo que a gente quer é ter maioria no Congresso — disse Lula.
Lula também falou sobre a necessidade de a esquerda definir metas claras para 2026.
— Logo, logo estaremos em ano eleitoral e precisamos saber com quantos deputados e senadores queremos sair quando abrir as urnas. Precisamos entender porque o povo não vota nos deputados e senadores de esquerda. Se não mudarmos a estratégia, vamos ter sempre dificuldade.
Para Alckmin, porém, um dos motivos para ele preferir não retornar ao território paulista seria o fato de parte do eleitorado do estado, conservador e ex-tucano que votou em Tarcísio em 2022, não aceitar sua “mudança de lado”. Além disso, mesmo com a possibilidade de Eduardo Bolsonaro (PL-SP) não se candidatar ao Senado, uma vaga para o atual vice-presidente não estaria assegurada. Nesse sentido, uma derrota no estado de origem de Alckmin poderia marcar sua trajetória, também segundo pessoas próximas a ele.
Procurado, Alckmin não deu entrevista para a reportagem.
Despacho na padaria
Embora Geraldo Alckmin seja vice de Lula e esteja à frente da coordenação de um ministério considerado importante, ele não estava no dia a dia político do Palácio do Planalto até assumir o protagonismo pela negociação do tarifaço. Esse poder de se restabelecer após um certo período de pouca visibilidade lembra, em menor forma, outro importante “salto”.
Entre 2019 e 2022, sem mandato, com o PSDB em frangalhos, o ex-governador, que havia obtido apenas 5 milhões de votos e ficou em quarto lugar no primeiro turno presidencial de 2018, “despachava” com antigos assessores em uma padaria localizada a um quilômetro do Estádio do Morumbi, próxima à sua residência. Foi ali que ele convidou os primeiros aliados para formar o projeto com Lula em 2022.
BS20250812063026.1 – https://oglobo.globo.com/politica/noticia/2025/08/12/atuacao-de-alckmin-no-tarifaco-o-cacifa-para-se-manter-na-vice-de-lula-em-2026-defendem-aliados.ghtml

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