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Carlos Bolsonaro é alvo da PF em operação sobre programa de espionagem da Abin

29 de janeiro, 2024

O vereador do Rio Carlos Bolsonaro está sendo alvo de um mandado de busca e apreensão cumprido pela Polícia Federal, na manhã desta segunda-feira. O […]

Carlos Bolsonaro é alvo da PF em operação sobre programa de espionagem da Abin
Busca e apreensão foi autorizada para a residência de Carlos Bolsonaro e também para a Câmara Municipal do Rio de Janeiro — Foto: Divulgação

O vereador do Rio Carlos Bolsonaro está sendo alvo de um mandado de busca e apreensão cumprido pela Polícia Federal, na manhã desta segunda-feira. O filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) é investigado no esquema de espionagem ilegal na Agência Brasileira de Inteligência (Abin). O caso foi revelado pelo jornal O GLOBO em março do ano passado.

Alvo da Polícia Federal na manhã desta segunda-feira, o vereador do Rio de Janeiro, Carlos Bolsonaro (Republicanos) está em Angra dos Reis, na região da Costa Verde do estado. O motivo de não estar na capital fluminense é o fato de ter participado de uma live com o seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na noite deste domingo.

Legenda da foto: Polícia Federal faz buscas no condomínio Vivendas
da Barra, no Rio, onde mora o vereador
Carlos Bolsonaro — Foto: GloboNews/Reprodução

A operação da Polícia Federal contra a suposta espionagem ilegal na Agência Brasileira de Inteligência (Abin) mira o núcleo político suspeito de participar do esquema. Na manhã desta segunda-feira, estão sendo cumpridos mandados de busca e apreensão no Rio de Janeiro, Bahia e Distrito Federal. Um dos alvos é o vereador do Rio Carlos Bolsonaro, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

De acordo com as investigações, Carlos Bolsonaro é suspeito de receber informações da Abin do deputado Alexandre Ramagem (PL), diretor da pasta à época. Ramagem também é investigado e foi alvo de busca e apreensão na última quinta-feira.

No inquérito, a PF separou os suspeitos em cinco núcleos: PF, em que são investigados os policiais cedidos à Abin durante a gestão de Ramage; Alta Gestão, acerca da cúpula da pasta; Subordinados; Evento Portaria 157, sobre uma ação em que foram monitorados envolvidos com uma Organização Não-Governamental (ONG); e Tratamento Log, sobre os servidores que acessam o sistema da Abin.

Reportagem do GLOBO, de março do ano passado, mostrou que a Abin utilizou um programa secreto chamado FirstMile para monitorar a localização de pessoas pré-determinados por meio dos aparelhos celulares durante a gestão de Jair Bolsonaro (PL). Após a reportagem, publicada em março, a PF abriu um inquérito e identificou que a ferramenta foi utilizada para monitorar políticos, jornalistas, advogados e adversários do governo.

A ferramenta foi produzida pela empresa israelense Cognyte (ex-Verint) e era operada, sem qualquer controle formal de acesso, pela equipe de operações da agência de inteligência.

A lista completa das pessoas espionadas irregularmente ainda não é conhecida, mas a PF já identificou indícios de que adversários políticos do ex-presidente foram alvos: entre eles estão o ex-deputado Jean Wyllys e David Miranda, deputado federal pelo PDT do Rio que morreu em maio retrasado.

Há ainda a suspeita de que foram feitas vigilâncias durante as eleições municipais e em regiões próximas ao Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJDFT), além de áreas nobres em Brasília e no Rio de Janeiro.

Na semana passada, foram alvos dos mandados de busca e apreensão Ramagem, policiais federais cedidos e servidores do órgão.

ABIM PARALELA: entenda como funcionava o programa que monitorou celulares no governo Bolsonaro e foi alvo da PF

O programa comprado pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para monitorar a localização de alvos pré-determinados se baseia em dois sistemas que fazem parte da arquitetura da rede de telecomunicações do país. Nesta segunda-feira, a Polícia Federal realiza uma operação contra o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, Carlos, para investigar o esquema ilegal.

Carlos Bolsonaro é suspeito de ter sido um dos destinatários das informações levantadas de forma clandestina.

Conforme O GLOBO revelou em março do ano passado, os dados são coletados por meio da troca de informações entre os celulares e antenas para conseguir identificar o último local conhecido da pessoa que porta o aparelho. O sistema foi utilizado durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), quando o diretor da agência era Alexandre Ramagem, que atualmente é deputado federal (PL-RJ).

Em 2022, a Associação Brasileira das Indústrias de Material de Defesa e Segurança (Abimde) conferiu ao FirstMile, nome do sistema utilizado pela Abin, uma “declaração de não-similaridade”. O documento é utilizado para a contratação do sistema sem a necessidade de licitação, já que só existe apenas um fornecedor. No documento, a entidade identificou o programa como um “serviço de geolocalização de dispositivos móveis em tempo real, capaz de decodificar as identidades lógicas dos dispositivos e de gerar alertas sobre a rotina de movimentação dos alvos de interesse”. Ainda de acordo com o documento, o programa usa a “infraestrutura GMLC e Sistema de Sinalização por Canal Comum”.

Polêmicas envolvendo Abin já atingem três dos filhos do ex-presidente
Jair Bolsonaro — Foto: Reprodução

ABIM PARALELA: Após Jair Renan e Flávio, PF mira relação de Carlos Bolsonaro com agência de inteligência

O vereador Carlos Bolsonaro é alvo, nesta segunda-feira, de uma operação da Polícia Federal que apura indícios de um esquema de espionagem ilegal na Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante o governo de Jair Bolsonaro. Outros dois filhos do ex-presidente, Jair Renan e Flávio Bolsonaro, já se viram envolvidos em escândalos por conta da atuação da Abin.

Nesta segunda-feira, a Polícia Federal realiza uma operação contra o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, o vereador Carlos Bolsonaro, para investigar o esquema ilegal. Ele é suspeito de ter sido um dos destinatários das informações levantadas de forma clandestina através do programa espião FirstMile.

A PF apura se a Abin montou uma operação paralela para tentar tirar Jair Renan Bolsonaro, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), da mira de uma investigação envolvendo suspeitas de tráfico de influência no governo, segundo informou O GLOBO na última quinta-feira . Posteriormente, a apuração foi arquivada.

Na ocasião, a PF já havia apontado que uma ação da Abin havia atrapalhado as investigações envolvendo o filho 04 de Bolsonaro. Mas agora os policiais encontraram elementos que indicam como motivação uma tentativa de livrar o filho do presidente das suspeitas que recaíam sobre ele — e de incriminar o ex-parceiro comercial de Jair Renan.

À época, o filho de Bolsonaro abriu um escritório no estádio Mané Garrincha, em Brasília, e passou a atuar em parceria com o seu ex-personal trainer, Allan Lucena, para angariar patrocinadores dispostos a investir no novo negócio do filho do presidente.

A PF passou a investigar o caso após a revista VEJA revelar que Jair Renan e Lucena intermediaram uma reunião de empresários com integrantes do governo Bolsonaro. O inquérito foi arquivado em agosto de 2022.

Durante a investigação da PF naquela época, a Abin passou a seguir os passos do ex-personal de Jair Renan. A ação de espionagem foi flagrada pela Polícia Militar do Distrito Federal, que abordou um integrante da Abin dentro do estacionamento do ex-sócio do filho do presidente.

Ao prestar esclarecimentos na PF, o agente da Abin informou que recebeu a missão de um auxiliar de Ramagem de levantar informações sobre um carro elétrico, avaliado em R$ 90 mil, que teria sido doado ao filho do ex-presidente e ao seu personal trainer. O veículo foi dado por um empresário do Espírito Santo que estava interessado em ter acesso ao governo.

Ramagem, nome do PL para a disputa da Prefeitura do Rio de Janeiro, é figura próxima de Bolsonaro e era um dos homens de confiança do então presidente. Em agosto de 2022, o GLOBO revelou que a PF informou em um relatório que o órgão de inteligência sob a gestão Ramagem atrapalhou o andamento da investigação envolvendo Jair Renan.

Flávio Bolsonaro

O caso de Jair Renan não foi a primeira vez em que a agência foi relacionada com investigações do interesse dos filhos do presidente. Também durante a gestão de Ramagem, em 2020, a Abin participou de uma reunião no Palácio do Planalto sobre o caso das “rachadinhas” com a defesa do senador Flávio Bolsonaro.

Em dezembro daquele ano, a advogada de Flávio disse à revista ÉPOCA que tinha recebido relatórios de inteligência diretamente de Ramagem sobre o caso. A Abin negou, na ocasião, que os documentos eram oficiais, mas admitiu que houve a reunião com a defesa do filho do presidente. Em entrevista ao GLOBO em 2022, o sucessor de Ramagem na chefia da Abin, Victor Felismino Carneiro, disse que o encontro “foi uma consulta”.

Em nota, o senador disse ser “mentira” que a Abin tenho o favorecido e classificou o caso como ” tentativa de criar falsas narrativas para atacar o sobrenome Bolsonaro”.

“É mentira que a Abin tenha me favorecido de alguma forma, em qualquer situação, durante meus 42 anos de vida. Isso é um completo absurdo e mais uma tentativa de criar falsas narrativas para atacar o sobrenome Bolsonaro. Minha vida foi virada do avesso por quase cinco anos e nada foi encontrado, sendo a investigação arquivada pelos tribunais superiores com teses tão somente jurídicas, conforme amplamente divulgado pela grande mídia”, diz nota enviada por meio da assessoria de Flávio.

(Agência O Globo) — Foto: Divulgação

Legenda da foto: Busca e apreensão foi autorizada para a residência de Carlos Bolsonaro e também para a Câmara Municipal do Rio de Janeiro — Foto: Divulgação