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POLÍTICA

Haddad alfineta Zema e diz que governador nunca procurou Bolsonaro para discutir dívida pública de Minas

27 de março, 2024 / Por: Agência O Globo

Ministro da Fazenda deu declaração em entrevista à Rádio Itatiaia, um dia após apresentar proposta de renegociação aos estados

Haddad alfineta Zema e diz que governador nunca procurou Bolsonaro para discutir dívida pública de Minas
Ministro da Fazenda, Fernando Haddad - Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, alfinetou nesta quarta-feira o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo) e sua postura em relação à renegociação da dívida pública do estado, que hoje já ultrapassa os R$ 170 bilhões. Segundo o integrante do primeiro escalão do presidente Lula (PT), Zema não procurou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para solucionar o rombo nas contas mineiras. A declaração foi dada em entrevista à rádio Itatiaia.

Ao ser questionado sobre o novo modelo de renegociação que propôs aos estados em reunião nesta terça-feira, Haddad defendeu a proposta que visa diminuir as taxas de juros cobradas nas dívidas do estado em troca de investimento no Ensino Médio Técnico.

Zema e o vice-governador, Matheus Simões, em evento com Lula — Foto: Reprodução

— Essa é uma troca justa, que dá sustentabilidade para os estados endividados. Coisa que não foi feita no período anterior. Você veja que o governador Zema jamais foi recebido pelo governo anterior para discutir essa questão da dívida, também não procurou. Não houve nenhuma negociação em torno da dívida de Minas — afirmou.

Segundo o ministro, o projeto será enviado ao Congresso Nacional em até 60 dias. Caso aprovado em regime de urgência, a proposta ainda teria que receber o aval da Assembleia Legislativa de Minas antes de ser implementada no estado. Por este motivo, a gestão de Minas está preocupada com os prazos, já que a liminar no Supremo Tribunal Federal (STF) para voltar a pagar a dívida expira em meados de abriu. Ao Globo, o vice-governador, Matheus Simões, também relatou receio com o plano de Haddad:

— Estou correndo para entender melhor a proposta de Haddad. As metas de reinvestimento parecem pouco factíveis. Minas já tem 100 mil alunos matriculados em ensino técnico, no Trilhas de Futuro. Temos receio de sermos penalizados por ter feito o dever de casa antes — diz Simões.

Apesar da crítica velada ao projeto, o vice-governador diz estar otimista com o diálogo perante ao governo federal.

— Estamos com a perspectiva de construir com base na proposta — afirmou.

A nova proposta de Haddad pegou o governo Zema de surpresa, já que o Palácio Tiradentes esperava que o projeto do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), fosse o modelo acatado.

No ano passado, Pacheco sugeriu um programa de recuperação fiscal (Refis) para os estados com descontos em caso de pagamentos à vista. O senador ainda sugeriu que as indenizações que a gestão Zema pode receber de mineradoras responsabilizadas por desastres ambientais fossem redirecionadas à União.


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